
A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) questionou o pedido feito pelo Ministério do Meio Ambiente e pelo Instituto Brasileiro dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para atuarem como parte interessada do processo no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que questiona a aplicação da Moratória da Soja.
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Em ofício enviado ao órgão, advogados da entidade dos produtores de soja afirmam que a iniciativa é um acordo privado e criticam “qualquer condução ou ingerência direta do Poder Público” no tema. Segundo eles, a participação do Executivo federal pode caracterizar “interferência negativa no ambiente concorrencial” e a atuação institucional do governo será encarada como “desvio de finalidade de órgãos públicos para a defesa de um acordo privado que viole a legislação ambiental brasileira”.
No documento, a entidade lembra a abertura de processo administrativo pelo Tribunal de Contas da União (TCU) nesta semana para investigar a participação do governo federal na Moratória da Soja.
A entidade diz que as justificativas apresentadas pelo ministério e pelo Ibama para acompanhar o processo são contraditórias. Os produtores afirmam que as competências institucionais de defesa do meio ambiente e da legislação ambiental não estão atreladas de forma alguma à Moratória da Soja.
“Absolutamente todas as atividades mencionadas pelo MMA e pelo Ibama em sua manifestação são de suas competências institucionais que independem absolutamente da Moratória da Soja”, diz o ofício encaminhado ao Cade na quarta-feira (24/9).
“Não se está tratando aqui do desmatamento ilegal, mas sim da possibilidade de uma conduta econômica concertada em um dado setor adotar critérios supralegais para impedir a supressão legal de área vegetal prevista na legislação ambiental brasileira com uma finalidade de proibir (como se lei fosse), segregar e discriminar o plantio único e exclusivo de uma única cultura (soja), o que deixa claro a finalidade comercial”, acrescenta o texto.
Os advogados da Aprosoja-MT ainda afirmaram que, caso fossem efetivamente adotados os critérios da legislação ambiental brasileira, não haveria um pacto privado com suposta participação do Poder Público, mas sim a atuação institucional do Executivo com colaboração de agentes privados.
“Contudo, o que [a manifestação do MMA e do Ibama] parece ter sido sugerido é a existência de um poder paralelo – formado e exercido por grandes empresas de capital estrangeiro – estabelecendo uma política ambiental e de controle de terras no Brasil com o mero auxílio das instituições públicas de Estado e de Governo a partir do exercício das suas funções institucionais”, acrescenta o ofício.
O Cade julgará na próxima terça-feira (30/9) os recursos voluntários apresentados pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e empresas do ramo contra a decisão preventiva da Superintendência-Geral do órgão que suspendeu a aplicação da moratória em agosto.






