Como funciona a operação que garante a chegada de órgãos a pacientes em espera no Ceará

O Ceará se destaca nacionalmente como o quinto estado com mais doações de órgãos no Brasil, mesmo sendo apenas o oitavo mais populoso. Além disso, lidera o ranking nacional em transplantes de córnea e ocupa o primeiro lugar no Nordeste em transplantes de coração e fígado. Esses números são resultado de uma engrenagem silenciosa, mas altamente eficiente, que atua nos bastidores para garantir que os órgãos doados cheguem aos pacientes a tempo de salvar vidas.

Rony Figueiredo, presidente da Associação de Pacientes Renais, é um exemplo vivo do impacto dessa operação. “Tive a felicidade de minha irmã ser compatível comigo. Ela dividiu a vida dela comigo e doou um dos seus rins. Estou aqui querendo dizer que só o transplante é capaz de dar uma segunda chance de vida, como eu tive. E estou aqui”, afirmou emocionado. O caso de Rony é um entre milhares que mostram que, na corrida contra o tempo, cada minuto pode decidir um destino. Um coração, por exemplo, só pode permanecer fora do corpo por até quatro horas; fígado e pâncreas, cerca de 12 horas; e os rins, até 48 horas.

Toda essa logística é coordenada pela Central de Transplantes do Ceará, responsável por organizar desde a remoção do órgão até o transporte seguro ao paciente. “Tem uma logística interna dentro do próprio hospital onde está o doador, que envolve agendar o centro cirúrgico, colher exames específicos para a doação. E tem uma logística externa, coordenada pela Central Estadual de Transplantes, que aciona as equipes transplantadoras para o hospital onde está o doador. Uma vez feita a cirurgia, esses órgãos têm que ser distribuídos de forma harmônica e o mais rápido possível para os centros transplantadores, onde já se encontram os receptores”, explica Eliana Régia Barbosa, orientadora do Sistema Estadual de Transplantes.

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Um ponto essencial nesse processo é a autorização familiar. Pela legislação brasileira, a doação de órgãos só pode ocorrer com a permissão da família do doador. Por isso, é importante que as pessoas comuniquem seu desejo de ser doadoras ainda em vida. “Se a família tem conhecimento desse desejo, naquele momento difícil, que é a perda, esse conhecimento facilita muito a tomada de decisão”, reforça Eliana.

A campanha Maria Sofia, apoiada pelo Grupo Cidade de Comunicação, também destaca a importância da doação. A influenciadora cearense que dá nome à iniciativa precisou de um transplante de fígado, mas, infelizmente, não resistiu após o procedimento. Após sua morte, sua família honrou seu desejo e doou quatro órgãos, transformando a dor da perda em esperança para outras vidas.

Rony Figueiredo também fez questão de homenagear histórias como a da mãe de Maria Sofia, que, mesmo diante da perda da filha, optou por doar os órgãos.

“Quero fazer um registro interessante da Gaída, que viveu as duas fases da história dos transplantes: precisou de um transplante para a filha e, depois, com a perda, teve aquele momento sublime de amor à vida e doou os órgãos da Maria Sofia. A gente agradece a ela e, através dela, à minha irmã também. Quero estender o agradecimento a todas as pessoas que tiveram esse ato de grandeza de doar órgãos para aquelas pessoas desesperançosas, sem perspectiva de vida. Com essas doações, as pessoas renascem — assim como eu renasci.”

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