A comunidade do Poço da Draga, no Centro de Fortaleza, recebeu com alívio e esperança a decisão do prefeito Evandro Leitão de descartar a demolição da Ponte Velha, também conhecida como Viaduto Moreira da Rocha. O equipamento histórico, um dos marcos da Praia de Iracema e ligado diretamente às origens portuárias da capital cearense, estava sob ameaça de demolição após laudos da Defesa Civil classificarem seu estado como de “risco muito alto” para acidentes. No entanto, a Prefeitura anunciou que estuda alternativas para a recuperação da estrutura centenária.
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Construída originalmente em estrutura metálica, a ponte foi reformada em 1929 e batizada oficialmente como Viaduto Moreira da Rocha. Durante décadas, ela foi o principal ponto de embarque e desembarque de mercadorias, como algodão, couro e óleos, antes da abertura do Porto do Mucuripe. Hoje, mesmo degradada e interditada, ainda é usada por banhistas como espaço de lazer — o que preocupa moradores e especialistas devido ao risco de acidentes.
A decisão da Prefeitura foi recebida com entusiasmo por representantes da comunidade, que têm participado ativamente das discussões sobre o futuro do local. Cássia Vasconcelos, articuladora da comunidade do Poço da Draga, enfatizou a importância da participação popular:
“É de suma importância para nós, da comunidade, participar desse processo, tendo em vista que a Ponte Metálica está totalmente ligada à história da comunidade do Poço da Draga. Nós não podemos deixar, de forma nenhuma, que a história da nossa cidade, que a história das nossas vidas, seja apagada.”
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O professor Romeu Duarte Júnior, da Faculdade de Arquitetura da UFC, também se posicionou contra a demolição: “Não faz o menor sentido derrubar um marco histórico e cultural como a Ponte Metálica. É verdade que ela está muito quebrada, muito abandonada, mas isso não é motivo para que ela seja demolida ou riscada do mapa. Há possibilidades, a partir da elaboração de projetos, que façam com que ela seja utilizada — como foi a sua congênere, a Ponte dos Ingleses.”
Romeu ainda destacou a relevância histórica da estrutura: “A Ponte Metálica foi testemunha da transformação do estado do Ceará e da cidade de Fortaleza em players do comércio internacional. Foi por ela que saíram as nossas commodities: o algodão, a mamona, os óleos, o couro… E voltavam, pela mesma ponte, produtos como cenografia para o Teatro José de Alencar.”
Apesar do desgaste visível, a estrutura permanece como um símbolo vivo da identidade do Poço da Draga e da própria cidade de Fortaleza. Em agosto, a Prefeitura chegou a consultar o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) sobre uma possível demolição controlada. Porém, com o novo posicionamento da gestão municipal, cresce a expectativa pela elaboração de um projeto de restauração e reuso do espaço.
Agora, a comunidade e especialistas esperam que, com o fim da ameaça de demolição, os esforços se voltem para preservar e recuperar a ponte, transformando-a novamente em um espaço público funcional, seguro e carregado de significado histórico para Fortaleza.
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