Se no passado o TikTok era apenas local de humor e desafios virais, a rede social conhecida pelo compartilhamento de vídeos curtos se transformou, com o tempo, em uma vitrine da vida no campo. Os conteúdos relacionados ao ambiente rural tiveram um crescimento expressivo na plataforma, mostrando que o agronegócio tem – muito – espaço e pode ser destaque no universo digital.
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De janeiro e agosto de 2025, as visualizações de vídeos com a hashtag “Agro”, por exemplo, cresceram 36% em comparação aos 12 meses de 2024. Nas publicações, o aumento foi de 40,8%. A mesma tendência é observada na hashtag “Vida No Campo”, com acréscimo de 44,6% e 47,3%, respectivamente.
E o que o TikTok mostra? Entre os principais conteúdos, destacam-se produtores revelando ao público a origem dos alimentos, como a tecnologia está envolvida no plantio e na colheita, o manejo do gado, aves e suínos, curiosidades, etc. É uma infinidade de assuntos.
Silvia Belluzzo, diretora de Marketing de Negócios para PMEs do TikTok na América Latina, explica à Globo Rural que a comunidade agro encontra na rede social um espaço autêntico para mostrar como é a realidade do interior brasileiro.
Segundo ela, depois das publicações, o público, tanto do campo quanto da cidade, responde de forma positiva, valorizando-as com curtidas, comentários e compartilhamentos.
“O TikTok tem uma característica muito particular de conectar pessoas por meio de temas de interesse em comum, muito mais do que conectar-se por seguidores, amigos ou questões do tipo. Os usuários valorizam e engajam. Acredito que essa visibilidade tem a ver com isso, porque são conteúdos que se conectam de diferentes formas”, diz.
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A busca por visibilidade é um dos principais motores das redes sociais. E isso inclui os usuários do agronegócio. No entanto, outro objetivo também é desejado por eles, destaca Silvia: a desmistificação de estereótipos criados no passado.
Assim, ao mesmo tempo, em que tentam empreender e furar a folha utilizando a ferramenta, os vídeos criados têm uma linguagem leve e envolvente capaz de transformar assuntos, muitas vezes técnicos e complexos, em aprendizado e interesse.
“O conteúdo agro está, sim, quebrando ideias erradas e construindo pontes. Vemos isso nos comentários e perguntas que surgem nos vídeos. Há uma curiosidade genuína do público urbano sobre a rotina, os processos e a tecnologia do campo. Há também um aumento no reconhecimento do trabalho do produtor rural. Além disso, o crescimento de perfis que mostram a vida real no campo, com seus desafios e belezas, gera uma conexão emocional”, afirma.
“Vai dar certo para mim”
Com um perfil focado no dia a dia na roça, Nilciele Passos, de Ribeirão Branco (SP), percebeu o interesse do público quando um vídeo em que mostrava a colheita de uva da variedade Niágara, em dezembro de 2022, superou 12 mil visualizações.
“Foram bastante curtidas e comentários. Eu vi que estava no caminho certo. Além disso, fiz uma live e tinha mais de 400 pessoas”.
Nilciele Passos tem perfil focado no dia a dia na roça
Arquivo pessoal
Os números que a surpreenderam no início não pararam de subir. Em outra publicação, desta vez sobre a retirada de brotos indesejados em pés de pimenta, já são 2 milhões de visualizações. E, independente do alcance, uma coisa ela faz questão de manter: a interação com os usuários.
“Quando comecei a assistir ao TikTok, vi o pessoal fazendo vídeos e pensei: ‘Se deu certo para essas pessoas, vai dar certo para mim também’. Foi uma inspiração. Eu resolvi tentar. E também queria uma renda a mais. Estamos aí tentando ainda mostrar a realidade de uma pessoa na roça”.
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Sustentabilidade em alta
Com um conteúdo diferente de Nilciele, mas também relacionado ao agro, José Renato Faria, ou Professor Zé Renato, de Goiandira (GO), transformou a preocupação com o meio ambiente em um negócio.
Ele criou uma empresa especializada em reflorestamento e paisagismo e viu o número de clientes aumentarem com a entrada na rede social.
Professor Zé Renato, de Goiandira (GO), transformou a preocupação com o meio ambiente em um negócio
Arquivo pessoal
“A ideia surgiu da necessidade de divulgar o trabalho voluntário nas nascentes, visando atingir mais produtores e parceiros para apoiar uma educação ambiental eficiente. Meu objetivo principal sempre foi mostrar o projeto. Decidi fazer uma conta no TikTok porque, dessa forma, meu projeto ganharia mais visualizações”.
Para o futuro, José Renato tem metas. Entre elas, expandir a produção de mudas nativas do Cerrado, incluindo frutíferas, e continuar ajudando o planeta.
“Tenho conseguido clientes pela rede social, e o retorno maior é sempre o apoio das pessoas ao projeto voluntário de reflorestamento. O melhor resultado é ver minhas mudas crescerem. Fazer um vídeo no plantio e depois voltar e ver meu trabalho dar frutos, como, por exemplo, um ipê de 40 centímetros estar com mais de 2 metros. Fico impactado quando as pessoas dizem nos comentários que vão plantar porque viram nosso serviço. Isso, para mim, é o melhor”.
Alimentação saudável
Em Vitória, no Espírito Santo, o casal Cristiane de Oliveira e Thiago Fernandes Galvão decidiu cultivar alface sem agrotóxico durante a pandemia. O que, inicialmente, era apenas uma ideia para deixar a alimentação da família mais saudável, expandiu-se. Eles, então, criaram uma empresa, a Morada Feliz, que entrega diversas outras hortaliças, como couve, salsinha, cebolinha e coentro, diretamente na casa dos clientes.
Cristiane de Oliveira e Thiago Fernandes Galvão
Arquivo pessoal
E o TikTok, a plataforma escolhida, mostra o passo a passo, desde o plantio até a venda, da produção de alimentos nutritivos, coloridos e saborosos.
“As pessoas interagem, fazem perguntas, e isso impacta diretamente nas vendas de forma positiva. Hoje, 80% da nossa venda é online. Esperamos ampliar a nossa horta, oferecer cada vez mais produtos de qualidade e inspirar quem está no início dessa jornada”, conta o casal.