
A ordenha é uma das tarefas mais importantes em uma propriedade leiteira. Uma boa ordenha é essencial para obter leite de maneira rápida, higiênica e sem causar lesões nos tetos ou espalhar doenças entre as vacas.
Leia mais:
Acorda às 3h e ordenha 36 vacas: rotina na fazenda viraliza no Tiktok
Ordenha robótica e alta eficiência são destaques da Agroleite em Castro (PR)
Baixas temperaturas exigem cuidados adicionais com gado leiteiro
De acordo com a Cartilha de Boas Práticas de Ordenha, desenvolvida pela Embrapa Gado de Leite, o objetivo é melhorar a qualidade do leite e aumentar o rendimento. Para isso, recomenda-se atenção em todos os pontos do processo, tanto no sistema de ordenha manual quanto no ordenha mecânica do tipo balde ao pé.
1. Escolha do tipo de ordenha
Não há diferença na qualidade do leite ordenhado manualmente ou mecanicamente, desde que o manejo seja feito com higiene. De acordo com a cartilha, a ordenha manual, comum em pequenas propriedades, utiliza baldes e utensílios específicos. Já a ordenha mecânica, que pode ser do tipo balde ao pé, canalizada, rotatória ou robótica, simula a mamada do bezerro. Independentemente do método, a higiene e a rotina correta são determinantes para a qualidade do leite.
2. Estrutura da sala de ordenha
O ambiente é decisivo para a saúde do rebanho e para a higiene do leite. É recomendado que a sala de ordenha seja coberta, iluminada e ventilada, com piso antiderrapante, limpo e bem drenado.
Paredes e pisos devem ser lavados diariamente, e a presença de outros animais, como cães e galinhas, deve ser evitada.
3. Limpeza e manutenção de equipamentos
Antes de iniciar a ordenha, o produtor deve verificar se os equipamentos e utensílios estão limpos e em bom funcionamento. O tanque de refrigeração precisa ser higienizado imediatamente após a coleta e escolhido de acordo com a produção diária e a expectativa futura da propriedade. Além disso, todos os utensílios, como baldes, latões, canecas, coadores, cordas, bancos e conjuntos de teteiras, devem estar em boas condições e prontos para o uso.
4. Higiene pessoal do ordenhador
O ordenhador também deve seguir regras de higiene pessoal:
Manter unhas cortadas e limpas.
Usar roupas limpas, avental, botas e boné ou touca.
Utilizar luvas durante a limpeza dos utensílios.
Lavar mãos e braços com sabão ou detergente antes e durante a ordenha.
Evitar contaminação do leite por microrganismos presentes nas mãos, que podem causar doenças como mastite.
5. Preparo da vaca antes da ordenha
Os tetos devem ser desinfetados com solução clorada, preparada conforme a recomendação do fabricante.
Apenas os tetos devem ser lavados, evitando molhar o úbere.
Vacas com mastite clínica devem ser ordenhadas por último, identificadas com corda de nylon.
O leite de vacas doentes deve ser descartado e não pode ser utilizado na produção.
Em raças azebuadas, o bezerro pode ser colocado para mamar no início da ordenha, estimulando a liberação de ocitocina e facilitando o processo.
6. Tempo e ritmo da ordenha
Durante a ordenha, o processo deve ser rápido, contínuo e sem interrupções, com tempo médio de sete a oito minutos por vaca. De acordo com a cartilha, na ordenha mecânica é essencial que as teteiras estejam bem ajustadas para evitar lesões nos tetos e que o equipamento seja desligado imediatamente após o final, prevenindo a sobreordenha.
Não há diferença na qualidade do leite ordenhado manualmente ou mecanicamente, desde que o manejo seja feito com higiene
Philippe Lima/Divulgação
7. Atenção ao equipamento
A cartilha também recomenda observar o funcionamento da ordenhadeira: qualquer barulho ou falha deve ser investigado, pois pode indicar problemas que comprometem a saúde da glândula mamária e a qualidade do leite.
8. Procedimentos pós-ordenha
Após a ordenha, os tetos precisam ser desinfetados novamente com solução adequada, sem reutilizar o desinfetante. Utensílios e equipamentos devem ser lavados com água e detergente, e peças de borracha, como mangueiras e teteiras, necessitam de limpeza periódica com solução ácida para remover resíduos minerais. O manual destaca que utensílios mal higienizados podem comprometer a qualidade do leite.
9. Limpeza do local de ordenha
A higienização do espaço deve ser feita diariamente. O processo inclui a retirada de esterco e urina, seguida de enxágue e lavagem dos tanques com detergente alcalino e água quente. A etapa final é a desinfecção com solução clorada e a secagem completa do local. Esse cuidado reduz o risco de contaminações e preserva a qualidade do leite armazenado.
10. Controle de CCS e CTB
O monitoramento da contagem de células somáticas (CCS) e da contagem total de bactérias (CTB) é fundamental para a qualidade do leite. A CCS mede a quantidade de células de defesa presentes no leite, que aumentam em casos de inflamação na glândula mamária, como a mastite. Valores elevados comprometem a composição e reduzem o valor industrial do leite. Já a CTB avalia a presença total de microrganismos no produto. Quando está alta, geralmente indica falhas na higiene durante a ordenha, na limpeza dos equipamentos ou no armazenamento.
De acordo com a cartilha da Embrapa Gado de Leite, manter a CCS e a CTB dentro dos limites recomendados é essencial para garantir a coagulação adequada, aumentar o rendimento na fabricação de queijos e derivados e prolongar a vida útil do leite.