
Se o nascimento de gêmeos já chama atenção no mundo animal, imagine dar à luz a quatro filhotes de uma só vez. E se ainda for em dobro? Pois foi exatamente o que aconteceu na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Pecuária Sul), em Bagé (RS), na última quinta-feira (11/9): duas ovelhas tiveram quadrigêmeos durante a madrugada.
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Uma delas teve quatro fêmeas, enquanto a outra, três machos e uma fêmea (confira no vídeo).
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A descoberta chamou a atenção na unidade do Rio Grande do Sul mesmo com o trabalho de melhoramento genético pela disseminação de genes que aumentam a incidência de partos múltiplos em ovinos realizado há mais de 30 anos.
Conforme o pesquisador José Carlos Ferrugem Moraes, em entrevista à Globo Rural, o nascimento gemelar é comum em ovelhas que passam pelo tratamento. No entanto, o episódio duplo envolvendo quatro filhotes é considerado raro na ovinocultura.
“Nos ovinos, é comum que cerca de 20% das ovelhas tenham partos duplos. Já partos triplos ou quádruplos, são mais raros, mas existem condições peculiares quando estão presentes algumas mutações genéticas que determinam um maior número de ovulações por ciclo estral das ovelhas”, explica.
Um dos objetivos do trabalho genético está voltado para a produção de carne sem a necessidade de aumentar a criação com matrizes. Ou seja, é possível ter o mesmo número de ovelhas e promover o nascimento de mais filhotes por meio de partos múltiplos.
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“Uma ilustração simples é a seguinte: onde são criadas 100 ovelhas e desmamados 70 cordeiros, podem ser criadas 70 ovelhas e desmamados 100 cordeiros. No entanto, para que esses resultados sejam alcançados, é importante cuidar das ovelhas e dos cordeiros ao nascer para evitar perdas”, reforça.
A Embrapa Pecuária Sul trabalha com três genes de prolificidade – Booroola, Vacaria e Embrapa –, que foram repassados a rebanhos comerciais.
O primeiro gene utilizado foi o Booroola, identificado em ovinos da raça Merino Australiano e trazido ao Brasil. O gene Vacaria, por sua vez, foi encontrado em ovinos da raça Ile de France, originária da França. Já o Embrapa é da raça Santa Inês, desenvolvida no Nordeste, mas com origem incerta.
“Quando esses genes estão presentes, determinam partos gemelares e até triplos ou quádruplos. Como exemplo, num trabalho iniciado em 2017 no qual tínhamos animais com os genes Booroola e Vacaria, registramos partos quíntuplos (9%), quádruplos (12%) e triplos (18%)”, finaliza.
Cuidados especiais
De acordo com a Embrapa, um dos problemas na ovinocultura é a perda de filhotes logo após o parto. A mortalidade oscila entre 15 a 40%, com valor mais freqüente em torno de 25%. A causa principal é o “complexo inanição/exposição”, onde recém-nascidos morrem por hipotermia (frio) em decorrência de deficiente nutrição das ovelhas gestantes e das condições climáticas.
No caso das gestações quádruplas registrado nesta semana, o cuidado deve ser ainda maior. Afinal, além do peso baixo, com média de três quilos, a ovelha precisa dividir a atenção e a amamentação entre quatro.