A imposição de tarifas pelos Estados Unidos sobre o café brasileiro tem ampliado a já elevada volatilidade nos preços. Após uma forte queda nos preços em junho, agosto registrou uma recuperação de 40% nos contratos de arábica na bolsa de Nova Iorque, e de 45% para o café robusta em Londres, aponta análise do Rabobank
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A expectativa, segundo o relatório do banco holandês, é que a indústria americana consuma os estoques atuais, estimados em cerca de 60 dias, antes de retomar as compras, possivelmente aguardando uma renegociação da medida. O Brasil, apesar da queda de 18% nas exportações para os EUA entre janeiro e julho de 2025, segue como principal fornecedor do produto ao mercado americano.
Importadores europeus também vêm antecipando compras em resposta à lei antidesmatamento da União Europeia (EUDR), gerando acúmulo de estoques nos últimos meses. O comportamento no segundo semestre de 2025 dependerá do nível de conformidade com as novas exigências.
Desde o anúncio das tarifas americanas, os estoques certificados em Nova Iorque recuaram mais de 120 mil sacas, o equivalente a 15%. A queda foi de 41% nos portos dos EUA e de 12% nos portos europeus.
Segundo o relatório assinado pelos analistas Guilherme Morya e Andy Duff, os fundamentos de curto prazo continuam sustentando os preços, mesmo diante da expectativa de maior oferta global em 2026. Estoques baixos nos países consumidores e um superávit global modesto, projetado em 1,4 milhão de sacas para 2025/26, contribuem para a manutenção da instabilidade.
A colheita brasileira da safra 2025/26 está praticamente concluída, com queda de rendimento no arábica. A projeção é de 38,1 milhões de sacas, 14% abaixo do volume da safra anterior. O conilon deve atingir 24,7 milhões de sacas, compensando parte das perdas. Geadas em agosto também trouxeram preocupações, com impacto mais severo no Cerrado Mineiro, onde uma cooperativa local estima redução de 412 mil sacas no potencial produtivo para 2026.
Segundo os analistas, o crescimento esperado da oferta de outras origens em 2026 e os efeitos das tarifas sobre a demanda americana, caso mantidas, podem pressionar os preços no longo prazo, especialmente se não houver reversões climáticas relevantes no Brasil e no Vietnã. No entanto, os fatores mencionados continuam sustentando a volatilidade no curto prazo.