O Centro de Inovação do Cacau (CIC), em parceria com a Mondelez Brasil, desenvolveu um programa de melhoramento genético para testar novos clones do fruto em condições reais de cultivo em fazendas selecionadas no Semiárido brasileiro.
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O foco do projeto está em observar três características fundamentais das novas variedades: tolerância ao estresse hídrico, resistência às principais doenças e alta produtividade em sistemas com tecnologia.
Para chegar aos clones ideais, foram avaliadas durante cinco anos as primeiras progênies, que são os “filhos” resultantes do cruzamento entre variedades de cacau. Entre eles, foram selecionados os melhores.
Os materiais são inéditos para fazendas reais, segundo Cristiano Villela, diretor do CIC. As variedades foram plantadas em ensaios experimentais em diferentes biomas em testes que começaram em 2012, liderados pelo pesquisador sênior do CIC, professor Dario Ahnert.
“Essas características são vitais para o sucesso em regiões onde clima e solo impõem limites mais duros à produção”, explica o professor.
A Mondelez entrou como financiadora para expandir o projeto, que chega aos testes definitivos esse ano. A chocolateira já investiu mais de R$ 14 milhões no estudo, segundo Jens Hammer, executivo da empresa e líder do programa de sustentabilidade Cocoa Life no Brasil. Esse aporte retornará na forma de royalties.
“Nós buscamos contribuir para o fortalecimento da cacauicultura brasileira por meio da oferta de variedades nacionais ao mercado, sem custos para os produtores”, diz Hammer.
Villela, do CIC, afirma que, pela primeira vez, materiais genéticos de cacau no Brasil serão protegidos. “É uma estratégia semelhante à utilizada na viticultura, que cria um mecanismo de fomento ao melhoramento genético autossustentável”, explica.
Inovação
Com o registro legal de propriedade intelectual sobre os materiais genéticos, as variedades serão entregues a viveiristas e produtores. No caso dos viveiristas que comercializarem as mudas, será cobrado um royalty entre 3% e 5% do valor da muda.
“Esse recurso retorna para a inovação do cacau, financiando novas rodadas de programas de melhoramento genético”, celebra o líder do projeto.
Foram selecionadas oito propriedades em diferentes biomas para testar os materiais. Entre as pioneiras estão a Fazenda Vale do Juliana, em Igrapiúna (BA) e a Fazenda Santa Colomba, em Cocos (BA). Além da Mata Atlântica e Amazônia, Cerrado e Caatinga também estão recebendo testes. Segundo o diretor do CIC, as fazendas funcionam como vitrines tecnológicas.
“Quando o produtor vê o resultado na fazenda do vizinho, se sente mais encorajado a trabalhar com a cultura”, diz.
Ele revela também que não há pagamento por parte dos produtores. A Mondelez, segundo seus representantes, espera obter retorno no futuro na forma de amêndoas, mas não há nenhuma exigência.