O Banco do Brasil anunciou uma linha de crédito de pouco mais de R$ 1 milhão para agricultores familiares de cacau na Bahia. A linha é específica para assentados, quilombolas, indígenas e extrativistas (Pronaf A) e foi divulgada no primeiro dia da Expocacau, evento que acontece em Ilhéus, entre os dias 26 e 28 de agosto.
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A ação faz parte das iniciativas do BB com foco no fomento da bioeconomia, o chamado Hub financeiro. A instituição tem projetos semelhantes na Amazônia, especificamente em Belém e em Manaus, onde mais de 60 mil pessoas foram atendidas e mais de R$ 2 bilhões em crédito foram liberados.

“Temos uma equipe direcionada no local com assistência técnica, agente de crédito e instituições públicas voltada para pequeno e micro agricultor familiar. Começamos com estas famílias, mas a expectativa é alcançar as mais de 25 mil que exploram o cacau na Bahia”, disse José Ricardo Sasseron, vice-presidente de Governo e Sustentabilidade do Banco do Brasil.

Neste primeiro momento, segundo Josué de Castro, diretor-executivo da Cooperativa de Cacau de agricultores familiares da região do Baixo Sul da Bahia (Coopermata), 24 famílias terão acesso a R$ 52 mil em crédito cada uma, totalizando R$ 1,2 milhão. Os recursos serão utilizados na compra de mudas de cacau, renovação de lavouras, manejos com foco em aumentar a produtividade.

Os pequenos agricultores do Baixo Sul da Bahia são representados pelo Ciapra, entidade responsável por auxiliar que tem em média 6 hectares plantados. “Nós fazemos a primeira etapa para elevar a produtividade média das lavouras, no mínimo, para 1,2 mil quilos por hectare”, explicou Leandro Santos, diretor-executivo do Ciapra.

Hoje, a entidade atende 2,4 mil famílias, com a projeção de chegar a 5 mil em 2026 e 10 mil em 2030. “Esse crédito chega no momento em que o produtor precisa de capacidade de adquirir tecnologia, maquinários e técnicas de manejo”.

A agricultora Maisa Silva, do assentamento Frei Vantuy, foi uma das beneficiadas. Em entrevista à Globo Rural, ela conta que há mais de 20 anos lutava para ter este direito reconhecido.

“Vamos envolver ainda mais as famílias no campo, comprar mudas, insumos e gerar mais renda. Cada um tem seu lote individualizado, mas toda a produção é voltada para a agroindústria da cooperativa. Temos polpa, doces, geleias, chás, compotas e, agora, queremos começar a fabricar chocolate também. O crédito é uma chance de crescer em conjunto”, garante ela.