A região do Matopiba (que abrange áreas do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) está entre os principais destinos de novos investimentos da empresa de etanol de milho no Brasil. Mas a região traz um desafio ao setor: o de garantir a oferta do cereal para atender a demanda das usinas.
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Diferentemente de Mato Grosso, onde o clima favorece a produção no inverno após a colheita da soja, no Matopiba as condições são menos favoráveis à segunda safra, o que deve demandar um fomento direto à produção do cereal no verão.
Nessa região, a oferta de milho atual ainda é maior que a demanda local, mas as novas indústrias de etanol deverão consumir quase todo o excedente, se a produção do grão não se expandir.
Segundo Lucas Brunetti, analista da Consultoria Agro do Itaú BBA, nessas áreas faz mais sentido as empresas firmarem contratos de fornecimento de longo prazo com produtores de milho. Outra opção é fomentar o plantio de sorgo na segunda safra, cultura mais resistente ao clima de inverno na região e que pode substituir o milho nas indústrias de etanol.
Na avaliação de Guilherme Theodoro, gerente de crédito do Itaú BBA, os projetos no Matopiba só são viáveis quando preveem um fomento ao cultivo do cereal. Até porque apostar na estratégia apenas de antecipar compras e estocar implica um custo financeiro para carregar esses volumes. Para ele, a oferta de milho menor nessas regiões do que no Centro-Oeste é uma das “barreiras de entrada” de novos investidores.
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Também há novos projetos surgindo no Sul do país e em diferentes regiões de Mato Grosso — até o início da década, a maior parte das novas fábricas foi construída no eixo da BR-163, dada a facilidade logística. Agora, os novos empreendimentos serão erguidos em áreas como o Vale do Xingu.
A construção dessas novas usinas também vai aumentar a oferta de etanol em regiões onde hoje o consumo é residual. Brunetti acredita que produção nesses Estados será mais direcionada para o anidro para atender a necessidade de mistura à gasolina, agora em 30%.
No Rio Grande do Sul, a produção adicional deverá ir apenas para o anidro, mas, em muitos Estados, haverá também produção de hidratado. Isso pode melhorar a competitividade desse biocombustível localmente ou o hidratado pode ser direcionado para outros locais de maior consumo.