Um em cada três domicílios em áreas rurais do país (31,7%) está interligado à rede geral de abastecimento de água. Na maior parte desses locais, o abastecimento vem de outras fontes, como poços, açudes, rios e até mesmo caminhão-pipa. É o que mostram dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD).
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A pesquisa Características Gerais de Domicílios e Moradores, divulgada nesta sexta-feira (22/8), reúne as informações de 2024. Dá uma medida da desigualdade na oferta de saneamento básico quando se compara com as áreas urbanas. Nesses locais, a rede geral era a principal forma de abastecimento de água para 93,4% dos domicílios.

A situação fica evidente também quando se trata de acesso à coleta de resíduos. Nas áreas urbanas, chegou a 93,9% dos lares no ano passado. Na zona rural, a 33,1%. Em mais da metade das propriedades rurais, ainda há o hábito de queimar o lixo, informa o IBGE.
O analista da pesquisa, William Kratochwill, afirma que o uso da queima do lixo é maior em propriedades onde não há a coleta direta pelo serviço público. “É um dado ainda preocupante, que acarreta aumento de poluição, e mesmo insalubridade para a zona rural, pois o lixo precisa ficar acumulado de alguma forma até que seja queimado”, diz ele, no comunicado do Instituto.
Fossa séptica é opção para tratar esgoto em muitas propriedades rurais. Construída adequadamente, trasnforma resíduo em biofertilizante
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O levantamento indicou também que apenas 9,4% das propriedades rurais possuíam o escoamento de esgoto ligado à rede geral ou algum tipo de fossa séptica ligada à rede geral de coleta e tratamento. Nessas localidades, 36,8% (3,2 milhões) possuem fossa séptica não ligada à rede, enquanto 53,8% (4,6 milhões) utilizam outro tipo de esgotamento, como fossa rudimentar, ou escoamento direto para áreas fluviais.
Nas áreas urbanas, essas formas de destinar dejetos são utilizadas por 12,4% (8,5 milhões) e 9,5% (6,5 milhões) dos domicílios, respectivamente.
Kratochwill explica que a cobertura de alguns serviços de saneamento básico nas áreas rurais acaba sendo mais viável à medida que esses locais estão mais próximos do entorno dos centros urbanos. “Já em áreas mais isoladas ou com baixa densidade populacional, pode ser necessária a instalação de fossas sépticas não ligadas à rede coletora e o uso de poços artesianos para o abastecimento de água.”
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O pesquisador explica ainda que o menor acesso à rede geral de esgoto em regiões como Norte e Nordeste, que possuem maior proporção de domicílios em zona rural, ocorre devido ao custo de implantação do serviço.
“Criar essa estrutura é moroso e caro. Então, a zona rural, por ser afastada e dispersa, torna a implantação mais complexa. Essa é uma justificativa para a zona rural ter essa carência no acesso tanto à rede geral de esgoto quanto de água”, diz.
A pesquisa do IBGE apontou ainda o avanço da cobertura de rede elétrica no Brasil em 2024. Na zona rural, 97,1% dos lares têm acesso à eletricidade, considerando a rede geral e fontes alternativas. Mas o fornecimento pela rede geral ainda é inferior ao da zona urbana. Na visão do IBGE, os números mostram a importância de fontes alternativas como única fonte desse serviço nas áreas rurais do país.