Em diferentes partes do mundo, frutas e flores ocupam lugar de destaque em rituais religiosos e tradições culturais, carregando significados que variam conforme a crença e a comunidade. Podem simbolizar prosperidade, pureza, renovação ou proteção, e se transformar em oferendas, adornos e ingredientes para cerimônias que expressam devoção, marcam passagens da vida ou celebram ciclos da natureza.
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Esses elementos também influenciam cadeias produtivas e movimentam setores do comércio. Em datas religiosas, por exemplo, produtores, floriculturas e mercados se organizam para atender à demanda específica, oferecendo desde espécies e variedades ligadas a determinados ritos até arranjos e embalagens adaptados ao contexto simbólico.
A seguir, conheça 10 exemplos de frutas e flores e o papel que desempenham em diferentes tradições espirituais e culturais.
Tulasi (Manjericão-sagrado)
Tulasi – Manjerição sagrado
Foto: Canva/Creative Commons
O tulasi, ou manjericão-sagrado, é uma planta nativa da Índia e fundamental no hinduísmo, onde é reverenciado como a planta mais sagrada, citada em textos antigos como o Rig-Veda e os Purāṇas.
Diferente do manjericão comum usado na culinária, suas folhas têm aroma mais forte e propriedades medicinais e espirituais. Cultivado em altares domésticos e templos, simboliza pureza e proteção, sendo associado à deusa Lakshmi, que representa prosperidade, fortuna e abundância, tanto material quanto espiritual.
Lótus
Flor de Lótus
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Para o budismo, a flor de lótus está ligada à pureza, criação e renovação, representando a iluminação e o caminho para o despertar. Cada cor da flor carrega um sentido específico — o branco simboliza a pureza da mente e o rosa é o mais elevado símbolo de Buda.
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Maçã
Maçã
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Embora a Bíblia não especifique qual foi o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, a maçã tornou-se, ao longo da tradição cristã, o símbolo mais conhecido dessa narrativa. Essa associação começou a se consolidar na Europa medieval, influenciada por interpretações artísticas e linguísticas, especialmente pelo fato de que, em latim, malum significa tanto “maçã” quanto “mal”. Isso contribuiu para que a maçã simbolizasse o conhecimento proibido e a desobediência.
Na mitologia grega, a fruta carrega o símbolo tanto de amor quanto de discórdia, como no episódio do “pomo da discórdia” lançado pela deusa Éris entre as deusas Hera, Atena e Afrodite, que desencadeou a Guerra de Troia, conforme narrado na Ilíada de Homero.
Romã
Romã
Globo Rural
A romã simboliza fertilidade e vida eterna desde as antigas civilizações da Mesopotâmia e da Pérsia. Nesse contexto, é mencionada no Zend-Avesta, livro sagrado do zoroastrismo, como símbolo de fertilidade e imortalidade.
No cristianismo, a romã aparece em ícones e vitrais como símbolo da ressurreição e da plenitude da fé, sendo citada em obras de teólogos medievais como São Tomás de Aquino. No islã, o Alcorão a cita como fruto do paraíso, simbolizando abundância e bênção divina e no judaísmo a romã remete à abundância e à justiça.
Figueira
Figueira
Foto: Canva/Creative Commons
Para o budismo, a figueira é considerada sagrada por ser o local onde Siddhartha Gautama, o Buda, alcançou a iluminação, o que fez da árvore um símbolo profundo de sabedoria e despertar espiritual. Na Bíblia, é mencionada em várias passagens que abordam tanto a queda do homem quanto a busca pela reconciliação com Deus.
Já no judaísmo, carrega um simbolismo ligado à terra de Israel e à prosperidade, sendo citada no Antigo Testamento como uma das sete espécies tradicionais da Terra Prometida, representando abundância e comunhão.
Marigold (Calêndula)
Marigold
Foto: Canva/Creative Commons
Na Índia, a marigold é usada em guirlandas e altares para honrar deuses e atrair prosperidade. No México, a flor também ocupa um papel cultural importante, sendo utilizada no Dia dos Mortos para formar caminhos de pétalas que, segundo a tradição, guiam os espíritos de volta ao mundo dos vivos. Diferente da calêndula comum, possui flores maiores e mais vibrantes.
Rosa
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Para o cristianismo, a rosa simboliza pureza e amor divino, associada à Virgem Maria. Na poesia mística islâmica, representa a beleza espiritual e o anseio pela união com Deus.
Na mitologia grega, em uma das lendas mais conhecidas, a rosa, inicialmente com as pétalas brancas, ganhou a coloração vermelha ao ser manchada pelo sangue de Afrodite, deusa grega do amor, da beleza, da sexualidade e da fertilidade, quando a mesma chorou sobre elas pela morte de Adônis, ferido por um javali enviado pelo ciumento Ares, o deus da guerra e amante de Afrodite.
Crisântemo
Crisântemo
Canva/ Creative Commoms
O crisântemo é amplamente utilizado para enfeitar túmulos, tradição popularizada pelos japoneses após a Segunda Guerra Mundial, onde a flor simboliza morte e respeito e é celebrada no dia 9 de setembro.
No Brasil, o costume se firmou não apenas pelo significado, mas também pela resistência e durabilidade da espécie, que mantém sua beleza por mais tempo mesmo em ambientes externos.
Jurema
Jurema
Foto: Canva/Creative Commons
A jurema é utilizada em rituais de cura e purificação por povos indígenas e em práticas do catimbó. Suas partes — raízes, folhas e casca — são usadas em infusões e banhos, mantendo viva uma tradição que mescla saberes indígenas, africanos e europeus.
Arruda
Arruda
Foto: Canva/Creative Commons
A arruda é uma folha conhecida principalmente nas religiões afro-brasileiras, especialmente no Candomblé e na Umbanda. É amplamente utilizada para afastar o mau-olhado e as energias negativas, sendo empregada em banhos de limpeza, defumações e rituais de proteção.