A Marfrig deve aproveitar sua diversificação geográfica para contornar os efeitos do tarifaço imposto pelo presidente americano ao Brasil, e diz estar “otimista” com o segundo trimestre, apesar da dificuldade geopolítica.
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Além de produzir carne em outros países, a companhia também está buscando mercados alternativos para vender sua carne bovina que hoje é exportada do Brasil aos Estados Unidos, e avalia opções em outros países ou mesmo no aumento da produção de hambúrguer localmente.
No segundo trimestre, os EUA representaram 2% da receita com vendas da operação da Marfrig na América do Sul a partir do Brasil.
A companhia também atua em frigoríficos na Argentina e no Uruguai, onde os preços da carne já subiram 10% desde o início do tarifaço americano contra o Brasil. “Nossa diversificação geográfica nos trouxe algumas vantagens”, afirmou Rui Mendonda, CEO da operação América do Sul da Marfrig.
Apesar do tarifaço, ele disse estar “otimista” com as vendas do segundo trimestre. Apenas neste ano, a companhia obteve 24 novas habilitações para exportação de carne bovina, e cita novos mercados que o Brasil vem abrindo. “Tem fatos novos de mercados surgindo bastante interessantes”, ressaltou.
Na sexta-feira, o governo brasileiro anunciou que as Filipinas abriram seu mercado para a importação de miúdos e carne bovina com osso do Brasil. Mendonça também citou a Indonésia como um país que abriria mercado para o produto brasileiro. Segundo ele, os miúdos e a carne com osso oferecem uma rentabilidade “interessante”.
Para a produção brasileira que hoje vai aos EUA, a Marfrig disse estar atenta “aos desdobramentos desse novo cenário, ocasionado pela elevação de tarifas, e prontos para capturar as melhores oportunidades comerciais, avaliando os melhores destinos de substituição, ou mesmo o incremento da produção de hambúrgueres e outros processados, sem redução de produção, e sempre focado em maximizar margens”, declarou David Tang, diretor financeiro da Marfrig, na teleconferência.
Mendonça, por sua vez, ressaltou que nos próximos meses começam a aquecer os pedidos da China para os preparativos do Ano Novo Chinês. Já no segundo trimestre, o preço médio de vendas para o país asiático subiu 25%. “As expectativas são muito favoráveis”, afirmou.
As operações da Marfrig na América do Sul também passaram a vender mais para a Europa no último trimestre. Do total de vendas, o continente representou 22% da receita de vendas, ante 14% no mesmo trimestre do ano passado.
Segundo Mendonça, houve um aumento das ocupações nos confinamentos no Brasil que garantem a qualidade que o mercado europeu demanda, o que explica o crescimento das vendas ao continente. No segundo trimestre, a ocupação dos confinamentos na Marfrig cresceu 26%.
O diretor afirmou ainda que a companhia aumentou sua capacidade de abate no Brasil nos últimos meses, que deve encerrar o ano com aumento de 30%, e que agora já possui uma capacidade combinada igual ao que tinha ante de vender 16 plantas frigoríficas para a Minerva na América do Sul, das quais 11 no Brasil.