A redução da produção de cana-de-açúcar desta safra 2025/26, fruto da seca do ano passado e das chuvas abaixo da média no verão, atingiu em cheio os resultados da Jalles, que possui duas usinas de cana em Goiás e uma em Minas Gerais.
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A companhia registrou um prejuízo líquido de R$ 14 milhões no primeiro trimestre da safra 2025/26, fruto da menor produção e da menor diluição dos custos fixos decorrentes da quebra de safra. Um ano antes, a companhia teve prejuízo líquido de R$ 2,4 milhões.
Esse resultado contábil também espelhou a depreciação do ativo biológico, decorrente do efeito da queda do preço do açúcar no valor dos canaviais. Porém, mesmo se retirados os elementos meramente contábeis do resultado, o resultado líquido foi de um “prejuízo caixa” de R$ 40,3 milhões — ante um “prejuízo caixa” de R$ 8,9 milhões um ano antes.
Nas lavouras de cana, a companhia teve uma redução de 8,4% em sua produtividade média, que ficou em 83,4 toneladas por hectare. Mesmo nas usinas que realizam irrigação, que garantem rendimentos mais altos, a produtividade sofreu queda. Com isso, a moagem do trimestre na Jalles ficou 10% abaixo do registrado um ano antes, em 2,8 milhões de toneladas.
Os efeitos da estiagem do ano passado fizeram a companhia revisar para baixo sua estimativa de moagem de cana nesta safra em 5,4%, para 7,5 milhões de toneladas. Além disso, Jalles acredita agora que a concentração de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) vai ser menor, e não maior, do que na safra passada.
A produção do primeiro trimestre já sofreu mais com a redução da concentração da sacarose. A quantidade ATR por hectare caiu 11,7%, para 9,8 mil toneladas por hectare.
Apesar da receita líquida ter aumentado 25,9%, para R$ 505,1 milhões, diante do aumento das venda de etanol anidro, de açúcar orgânico e açúcar VHP, o custo dos produtos vendidos (CPV) aumentou 5,3%, para R$ 598,7 milhões — por unidade de produto, o CPV cresceu 20,9%, para R$ 1,789,90 a tonelada de Açúcar Total Recuperável (ATR). Fora a dificuldade de diluir custo fixo, a Jalles também teve mais gastos com tratos culturais devido à maior área a ser tratada, além de ter arcado com insumos mais caros no trimestre.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado teve um crescimento de 10,5%, para R$ 269,6 milhões, dado à variação na linha de depreciação e amortização. Porém, se retirado do Ebitda o valor gasto com bens de capital (capex) — cálculo utilizado para identificar a geração de caixa operacional —, o resultado foi negativo em R$ 13 milhões.
Um ano antes, essa conta ficou negativa em R$ 35 milhões. Segundo a Jalles, houve avanço na eficiência da geração de caixa, mesmo após os investimentos em manutenção.
A piora dos resultados operacionais, porém, não representou um peso sobre a alavancagem. A dívida líquida da Jalles encerrou o trimestre em R$ 1,8 bilhão, um aumento de 6,6% ante março, o que representou 1,3 vez o Ebitda em 12 meses (alavancagem).