O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou nesta quarta-feira (6/8) que confia no diálogo entre a diplomacia brasileira e a Casa Branca para incluir outros produtos agropecuários na lista de exceções ao tarifaço dos Estados Unidos. Ele criticou diretamente o presidente Donald Trump e disse que o mundo não precisa de um “imperador ou um tirano” para ditar as regras.
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“É incompreensível a atitude do governo americano. A interferência em todos os países do mundo, querendo criar uma nova fórmula de comercialização. O mundo não precisa de um imperador, o mundo não precisa de um tirano para dizer como as coisas vão acontecer. Nós temos que, antes de mais nada, respeitar as democracias, temos que privilegiar o diálogo, e o Brasil está sempre aberto ao diálogo”, afirmou a jornalistas após evento em Brasília.
“Com o bom diálogo, como já aconteceu, por exemplo, com o suco de laranja, foi encontrada uma solução. O diálogo vai prevalecer, nós vamos superar o desafio da carne, nós vamos superar o desafio do café, do mel, do pescado e também dos demais produtos. Sempre com diálogo, com bom senso”, completou.
Questionado sobre a possível redução nos preços de alguns alimentos para o consumidor brasileiro, disse que “não se deve esperar que o mercado se estrangule”. E lembrou que a maior parte da produção já é destinada ao consumo doméstico.
“Tem uma estabilidade aqui dentro. A capacidade e a pluralidade de mercados abertos têm, então, uma garantia de direcionamento para outros mercados. É um momento de reacomodação, além da capacidade que temos de encontrar uma solução com os próprios Estados Unidos”, completou.
Governo avalia plano de contingência
O ministro disse ainda que o plano de contingência do governo para mitigar os impactos do tarifaço vai prever uma série de medidas para setores e empresas afetadas pela sobretaxa.
“Mesmo que seja um produto de menor quantidade exportado para os Estados Unidos, mas pode, para aquele empreendedor, para aquele segmento, ser muito significativo. Temos que dar um olhar específico”, disse.
Segundo ele, esse olhar diferenciado é feito até mesmo ao nível de empresa. Já está mapeado, mas o governo continua atento para levantar impactos e formular ações para redirecionar o comércio de segmentos ou empreendimentos.
“Talvez um setor não seja tão afetado, mas tem uma empresa muito dedicada à exportação aos Estados Unidos e, para aquela empresa, então, é quase que fatal. Para aquela empresa tem que ter um olhar diferenciado, tratamento com linhas de crédito, novas compras públicas, novas oportunidades para que ele possa vender esse produto, um redirecionamento às exportações”, indicou.
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Perguntado sobre quando essas medidas serão anunciadas, o ministro não respondeu. Ele não deu informações sobre possíveis compras governamentais de produtos perecíveis que deixarão de ser exportados aos EUA, como frutas, mel e pescados. Sobre a linha de crédito, disse apenas que “tudo vai ser dosado na medida da necessidade”.
Fávaro disse ainda que o governo brasileiro está disposto a “sentar e discutir tarifas” caso gere problemas comerciais para algum país, mas ressaltou que a taxação dos EUA “não faz sentido” já que os americanos têm saldo positivo no comércio com o Brasil.
“O que causa muita estranheza também é ter brasileiros apostando que isso ainda pode aumentar as tarifas. Ora, e quem tinha como lema defender a pátria? Qual a pátria que estão se defendendo? Qual a consciência de quem está fazendo isso contra os brasileiros? Não está fazendo isso contra o presidente Lula, não está fazendo isso contra o ministro da Agricultura, está fazendo contra os brasileiros”, argumentou.