
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou nesta segunda-feira (4/8) que a Pasta vai focar em regulamentações para viabilizar a comercialização e consumo interno de produtos agropecuários afetados pela taxação de 50% e que, eventualmente, deixarão de ser exportados para os Estados Unidos.
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“Ficamos no foco de algumas regulamentações internas que podem aumentar o consumo de produtos que eram exportados, isso gera oportunidades. Estamos avaliando com a área técnica para anunciar junto [com o plano de contingência em construção”, afirmou a jornalistas após reunião com setores produtivos e ministros em Brasília.
Ele não mencionou quantidade e valores de produtos que poderão ser absorvidos pelo mercado doméstico. Uma das medidas avaliadas pelo governo é a compra pública de alimento que deixarão de ser exportados, disse o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.
Novos mercados
Fávaro repetiu que trabalha para abrir novos mercados. Para o setor de pescados, por exemplo, o ministro disse que “enxerga possibilidades” de retomar as vendas para a União Europeia, bloqueadas desde 2017, e para o Reino Unido. “O Reino Unido terminou o protocolo [sanitário] e agora é uma ação mais política para formalizar a reabertura desse mercado”, disse Fávaro.
Ele mencionou ainda o caso do Japão, que realizou auditoria técnica no sistema de inspeção federal em junho, uma das possibilidades de abertura para a carne bovina, outro produto sobretaxado pelos EUA. Outro caso é o do Vietnã, mercado aberto em março, e que habilitou dois frigoríficos para exportação até agora. “Imagina se a gente se esforçar agora e habilitar, 15, 20, 30 plantas frigoríficas. Amplia os mercados”, disse na coletiva.
“É um processo que vamos intensificar para minimizar os impactos, e isso é estruturante”, disse. “São mercados importantes que estão gradativamente na fila de finalizar o protocolo sanitário”, completou.
Saiba-mais taboola
Fávaro disse ainda que alguns produtos merecem tratamento “especial” na negociação pela inclusão na lista de exceção às tarifas. “Tem produtos que, na medida que são mais dependentes do mercado norte-americano, precisa ser tratado de forma mais especial neste momento. Mas os 398 mercados abertos [de janeiro de 2023 até agora] atenderem todos os segmentos da agropecuária brasileira”, completou. O ministro não mencionou os produtos que considera “especiais” para as tratativas neste momento.
Questionado sobre as negociações para derrubada de embargos impostos à carne de frango brasileira após a descoberta do caso de gripe aviária em Montenegro (RS), em maio, Fávaro disse que o Chile deverá retomar as compras em breve. O país sul-americano ainda mantém bloqueio aos frigoríficos de todo o país, assim como a China.
“Nós tivemos, no momento da confirmação do caso, 32 ou 33 países que fecharam completamente o mercado brasileiro. Hoje, deve estar em sete ou oito. Mas desses, três não compram nada, então se resume a quatro mercados. Desses, se resolvermos a retomada por China, União Europeia e Chile, praticamente zerou o impacto comercial da gripe aviária. O Chile já está pronto para retomar. Estamos nas últimas negociações com a UE e China”, concluiu.