
A Catarina Fertilizantes, do empresário Iran Manfredini, e a construtora e incorporadora Grupo Saes, de Erivelto Saes, planejam investir US$ 800 milhões (R$ 4,46 bilhões) na instalação de um complexo industrial de etanol, biodiesel e fertilizantes em Itiquira, no sul de Mato Grosso. A meta é atingir uma receita de R$ 18 bilhões por ano em 2030, quando o complexo estiver concluído.
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O projeto obteve licença ambiental e de instalação para dar início às obras. A terraplenagem começará a ser feita neste semestre. As obras vão ficar a cargo da Aplus Engenharia.
Chamado Complexo Industrial Agrícola de Itiquira (Ciai), o conglomerado será instalado em uma área de 360 hectares, ao lado do terminal ferroviário de Itiquira. O projeto engloba uma misturadora de adubo, uma usina de etanol de milho, uma esmagadora de soja, uma esmagadora de algodão, uma indústria de biodiesel e uma usina de energia, além de 10 armazéns com capacidade para 240 mil toneladas cada. O complexo terá capacidade de processamento de 4 milhões de toneladas de grãos por ano.
“Existe uma carência muito grande, em especial em Mato Grosso, de armazenagem, infraestrutura de escoamento da produção, acesso a preços competitivos de insumos. Além disso, a região está estrategicamente posicionada próximo a Rondonópolis (MT), que é um dos principais corredores de fertilizantes e grãos”, afirma Iran Manfredini, diretor de desenvolvimento estratégico da Catarina Fertilizantes e sócio do Ciai.
A perspectiva de demanda crescente por biocombustíveis e o interesse do país em reduzir a dependência de fertilizantes importados têm estimulado investimentos. A União Nacional de Etanol de Milho (Unem) mapeou R$ 40 bilhões de investimentos em novas usinas nos próximos dez anos.
Na sexta-feira (1), por exemplo, a Inpasa inaugurou uma usina de etanol de milho e sorgo em Balsas (MA), fruto de um investimento de R$ 2,5 bilhões. A unidade tem capacidade para produzir 925 milhões de litros de etanol, 490 mil toneladas de DDGS (grãos secos de destilaria, insumo para ração) e 47 mil toneladas de óleo vegetal.
O vice-presidente de negócios e originação da Inpasa, Flávio Peruzo Gonçalves, disse que a empresa planeja instalar uma nova planta em Rio Verde (GO), com investimento semelhante ao de Balsas, assim como o porte da planta com duas fases. “Estamos em fase final de estudos e de negociações com o governo de Goiás”, disse. A empresa investe ainda R$ 1,3 bilhão em uma planta de etanol em Luís Eduardo Magalhães (BA), prevista para entrar em operação em 2026.
Na cadeia da soja, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) estima para o período de outubro de 2024 a setembro de 2025 investimentos de R$ 5,76 bilhões, para construção de cinco esmagadoras de soja e ampliação de outras cinco. Os aportes para o próximo ano serão divulgados futuramente. O setor de fertilizantes, por sua vez, tem previsão de R$ 35 bilhões em investimentos até 2030, segundo o Sindicato Nacional das Indústrias de Matérias-Primas para Fertilizantes (Sinprifert).
No caso do Ciai, diz Manfredini, o projeto foi desenhado por três anos. O município foi escolhido pela localização, que permite escoar a produção até o porto de Paranaguá (PR), por ferrovia ou pela rodovia BR-376, ou até o porto de Miritituba (PA), pela BR-163. O plano do empresário é construir o complexo em cinco anos.
No primeiro ano serão instaladas a misturadora de fertilizantes, com capacidade para 1 milhão de toneladas por ano, e a usina de etanol de milho, com capacidade para 1 milhão de metros cúbicos de etanol e 660 mil toneladas de farelo de DDG por ano. As unidades devem ficar prontas em 2026. “Vamos usar parte do fertilizante para trocar pelo grão, para abastecer a usina de etanol”, diz o executivo. Manfredini espera atingir 20% de participação no mercado de fertilizantes com o Ciai. A Catarina Fertilizantes tem cerca de 3%.
A segunda etapa do projeto contempla a construção da esmagadora de soja, com capacidade para processar 5 mil toneladas de soja por dia, e da usina de biodiesel, com capacidade para produzir 445 mil metros cúbicos de biocombustível por ano. Na terceira fase, será instalada a esmagadora de caroço de algodão, capaz de processar 2 mil toneladas por dia, e os demais projetos.
“A quarta e quinta etapas serão de aumento da produção de etanol, deixando ela com capacidade para 6 mil toneladas por dia. A gente vai absorver cerca de 6% da produção de milho da região”. O projeto contempla ainda a instalação de uma usina fotovoltaica que vai gerar 56 megawatts de energia.
O complexo industrial será construído com recursos próprios e de terceiros, segundo ele. A expectativa é gerar 800 postos de trabalho diretos e 3 mil empregos indiretos.
*A jornalista viajou a Balsas a convite da Inpasa