A Molino Cañuelas Sacifia, empresa argentina que atua no Brasil na distribuição de farinhas de trigo, anunciou ontem que o Tribunal de Justiça do país vizinho aprovou seu acordo de reestruturação de dívida. A empresa, de propriedade do Grupo Navilli, havia entrado com pedido de falência em setembro de 2021, com uma dívida de US$ 1,4 bilhão.
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O acordo ocorre poucos meses depois do o grupo argentino Vicentin, que atua como trading de grãos, ter fechado processo semelhane com credores no valor de US$ 1,5 bilhão.

A Molino Cañuelas, que detém marcas como Cañuelas, Pureza e 9 de Oro, entre outras, anunciou um acordo com quase 90% de seus credores. A empresa produz mais de 2,2 milhões de toneladas de alimentos em 22 plantas industriais e vende para mais de 80 países, incluindo o Brasil.

Segundo reportagem do jornal argentino “La Nacion”, a Sexta Vara Cível e Comercial de Río Cuarto “emitiu homologação judicial do acordo de reestruturação de dívida apresentado pela empresa em dezembro de 2024, que superou as maiorias legalmente exigidas”.

Pelo acordo, o pagamento a curto prazo será de um ano, o pagamento a médio prazo será de cinco anos e o pagamento médio a longo prazo será de cerca de 10,5 anos.

História
Em setembro de 2021, ao declarar falência, a empresa divulgou: “na última década, a Molino Cañuelas realizou um plano de investimentos significativo, que foi amplamente reembolsado por meio de um mecanismo de capitalização da Companhia nos mercados de ações local e internacional por meio de uma Oferta Pública de Ações. No entanto, a alta volatilidade registrada naquela época nas principais bolsas de valores globais e o desempenho econômico negativo da Argentina resultaram na falta de interesse do mercado, forçando a Companhia a se retirar do processo.”

A empresa acrescentou: “isso, somado às sucessivas crises econômicas vividas por nosso país, onde somente em 2018 o peso despencou mais de 50% em relação ao dólar, obrigou a empresa a adiar o pagamento de certas obrigações e iniciar um processo privado para reestruturar sua dívida financeira total. Para tanto, foi formado um Comitê de Credores, composto pelos principais credores financeiros de ambas as empresas, com o qual foi alcançado um acordo de princípio em março de 2019. No entanto, a renovada turbulência financeira vivida no país em agosto daquele ano, a abrupta desvalorização da moeda local, somada à crise global da Covid-19 em 2020 e às dificuldades que isso gerou na Argentina, levaram a uma nova e inevitável mudança de cenário para todos os participantes da reestruturação, e inclusive levaram alguns bancos a decidir suspender sua participação no referido Comitê, dificultando a obtenção de um acordo definitivo.”

A empresa foi fundada em 1931 com uma pequena usina em Laboulaye, no sul de Córdoba. Fundada pelos irmãos Adriano e Aldo Navilli, mais de 90 anos depois, o controle continua nas mãos da família, com ações divididas entre quatro irmãos e primos, cada um detendo 25% das ações.

Atuando no Brasil desde 2006, a empresa tem filiais na Bahia, São Paulo e Pernambuco.