A indústria de base florestal do Paraná quer apoio público para tentar reduzir perdas com a tarifa dos Estados Unidos sobre as importações de produtos do Brasil. A Apre Florestas, que representa 47 empresas no Estado, pretende pedir financiamentos subsidiados e antecipação de créditos tributários.
Setor florestal comemora isenções, mas aponta impacto das tarifas sobre painéis de madeira e embalagens
Lista de isenções ao tarifaço é ‘limitada’ para alimentos
Agro calcula perdas e espera apoio do governo: a reação do setor ao tarifaço
“A partir de agora, vamos estabelecer novas estratégias”, afirma Fábio Brun, presidente da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal, em entrevista à Globo Rural.
A Apre Florestas pretende propor ao Governo do Paraná que o acesso ao crédito seja via Banco Regional de Desenvolvimento (BRDE), para pagamento da folha; antecipação dos créditos de ICMS para os exportadores de madeira; e flexibilização dos vencimentos que fazem parte do programa Paraná Competitivo.
“A tarifa americana é real e temos que usar todos os recursos disponíveis para evitar demissões ou fechamento de empresas”, adverte Brun. A Apre também deve se juntar a outras entidades para acompanhar as negociações do governo federal, mas acredita que a validade da nova tarifa deve permanecer válida pelos próximos seis meses.
Além do apoio do setor público, as empresas planejam adotar iniciativas como ampliação de mercados e oferta de produtos que deixarão de ir para os EUA.
Brun avalia que o tarifaço veio com duas surpresas. Uma é o acréscimo de 40% aos 10% anunciados pelo presidente americano Donald Trump em abril. A indústria considerava a possibilidade de serem 50% adicionais, o que elevaria a tarifa para 60%.
Outra surpresa foi a lista de exceções, que incluiu a celulose. “Foi bom para o Brasil, mas não é o caso do Paraná”, avalia o presidente da Apre.
Na lista de produtos do setor florestal do Estado exportados para os EUA, a celulose corresponde a 8,64%, conforme Estudo Setorial da Apre de 2024. Os principais itens da pauta – molduras (98,47%), portas de madeira (94,81%), compensado de pinus (31,65%) e serrado de pinus (30,79%), entre outros – tiveram a nova taxação confirmada.
Impacto financeiro
A Apre Florestas trabalha ainda para calcular o impacto financeiro da nova tarifa sobre a atividade no Paraná. No primeiro semestre de 2025, a exportação para os Estados Unidos movimentou US$ 331 milhões, valor semelhante ao do mesmo período no ano passado, com US$ 330 milhões.
Em manifesto, na semana passada, a Apre pediu atuação urgente do governo federal para reverter a decisão dos Estados Unidos. A entidade alertava para risco de fechamento de unidades, concessão de férias coletivas e até demissões, o que acabou anunciado por pelo menos três empresas.
Os produtos de base florestal são os primeiros da lista de exportações agropecuárias do Paraná para os Estados Unidos. Antes mesmo da oficialização do tarifaço, a indústria relatou cancelamento de contratos, suspensão de embarques e retenção de contêineres em portos. “Temos uma longa história de resiliência. Vamos continuar procurando alternativas”, enfatiza Brun.