As cooperativas agropecuárias movimentaram R$ 438,2 bilhões em 2024, valor recorde e 3,6% acima do registrado no ano anterior. As sobras (equivalente ao lucro das empresas) das 1.172 cooperativas do agro também atingiram recorde no ano, de R$ 30,2 bilhões, 48% acima do alcançado em 2023. Os dados fazem parte do Anuário do Cooperativismo Brasileiro 2025, que será divulgado nesta quinta-feira pelo Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras).
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O desempenho superou a produção agropecuária, que em 2024 cresceu 1,1% em valor bruto da produção, para R$ 1,26 trilhão, segundo o Ministério da Agricultura. Para 2025, a previsão é de um crescimento de 11,6%, para R$ 1,41 trilhão — efeito da safra recorde.
João José Prieto, coordenador do ramo agro do Sistema OCB, diz que o desempenho das cooperativas foi impulsionado em parte pela performance da agroindústria e pela alta nos preços de commodities que favoreceram alguns segmentos de cooperativas, como no caso do café.
“As cooperativas, por meio de processos e estruturas de gestão e governança modernas, têm criado direcionadores estratégicos que permitem navegar de forma consistente e segura ao longo das safras, apesar dos momentos desafiadores durante essa jornada”, afirma Prieto.
A OCB destaca o crescimento de 12% no total de ativos das cooperativas agropecuárias em 2024, para R$ 307,5 bilhões. Guilherme Costa, gerente do núcleo de inteligência e inovação do Sistema OCB, ressalta que as cooperativas avançaram na construção de sistemas de armazenagem, principalmente em regiões onde o cooperativismo cresce, como o Centro-Oeste e o Norte. Outro foco de investimentos do setor foi no fomento à transição energética, principalmente para indústrias de biocombustíveis.
Projeção
Para 2025, diz Costa, a expectativa é que as cooperativas mantenham o crescimento visto nos últimos anos. “O que se espera é que o cooperativismo continue com o crescimento consistente que tem apresentado nos últimos anos e que as cooperativas continuem se consolidando, não só em indicadores financeiros, mas que continuem atendendo cada vez mais sob aspectos econômicos e sociais os cooperados”, afirma.
As cooperativas respondem por 53% da originação de grãos e fibras no Brasil e por 80% da produção de carne suína. Fora da porteira, também têm participação relevante na produção de insumos e bens (47%), serviços (32%), produtos não industrializados de origem vegetal (43%), produtos não industrializados de origem animal (22%), dos produtos de origem vegetal industrializados (21%) e produtos de origem animal industrializados (15%).
Segundo o anuário, o agronegócio tinha 1,09 milhão de produtores cooperados em 2024, o equivalente a 20% dos agricultores do país. As cooperativas agropecuárias representam 35% das cooperativas do Brasil.
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No Brasil, as 4.384 cooperativas em operação faturaram R$ 757,9 bilhões em 2024, alta de 9,5% em relação ao ano anterior. As sobras distribuídas aos cooperados cresceram 32%, para R$ 51,4 bilhões. O número de cooperados chegou a 25,8 milhões, o equivalente a 23,3% da população ocupada no país. O número de empregos diretos aumentou 5%, para 578 mil.
Segundo Costa, o setor enfrentou incertezas econômicas, geopolíticas e climáticas, o que exigiu mais gestão e governança. “O cenário adverso, que ainda envolve a alta taxa de juros em um cenário fiscal complexo, se refletiu pelo encarecimento de insumos e do capital. Mas as cooperativas combateram as adversidades com trabalho conjunto, eficiência, negociações mais vantajosas em contratos de maior escala, orientação técnica e acesso a tecnologias”, afirma.
Para Márcio Lopes de Freitas, presidente do Sistema OCB, os dados do anuário reforçam que o cooperativismo é uma alternativa viável e competitiva de desenvolvimento. “No agro, em especial, esse modelo se mostra essencial para enfrentar crises, valorizar o produtor rural e fortalecer as cadeias produtivas em todas as regiões do Brasil”, afirma Freitas.