
A trading de grãos e operadora logística Agribrasil fechou acordo de venda do controle da companhia e do Terminal Santa Catarina (Tesc), que pertenciam a Frederico José Humberg, para a Solaris Brazil Trading Holding. Simultaneamente, a Solaris também assinou acordos de compra e venda para aquisição de participações minoritárias adicionais no Tesc.
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O valor da operação e a participação acionária foram mantidos em sigilo pelas companhias. A conclusão da operação está prevista para ocorrer até o fim do ano.
A Agribrasil é uma das maiores empresas privadas de originação de grãos e uma das três principais exportadoras independentes do Brasil. O Tesc é um terminal multimodal localizado em São Francisco do Sul (SC) e possui direitos exclusivos de operação de três berços marítimos de grande profundidade. A Agribrasil adquiriu 51% de participação no Tesc em 2022, que pertencia ao fundo de investimentos BRZ. Os sócios minoritários são três pessoas físicas, Hélio Freire, Carlos Alberto de Oliveira Junior e Renato Gama Lobo.
De acordo com o último formulário de referência divulgado pela companhia, em junho, Humberg detinha 93,52% das ações da Agribrasil. Outros 0,14% das ações estavam nas mãos de Jonatas Brito Souza, 0,01% estavam com Larissa Mendes e 0,08%, com Raphael Blanc Schuwartz Vieira. Outros 6,25% das ações estavam em tesouraria. A Agribrasil não possui ações em negociação na B3. A Agribrasil detém 51% de participação no Tesc.
Procurada, a companhia informou que devido a cláusulas de sigilo do contrato não poderia dar detalhes financeiros sobre a operação. Em março, a Reuters informou que a Agribrasil negociava a venda de uma participação da empresa a investidores. Entre os interessados estavam a Solaris, a Saudi Agricultural and Livestock Investment Company (Salic), com sede em Riad, e investidores asiáticos.
A Solaris Brazil Trading Holding é controlada pela ME Solaris Commodities Holding, que, por sua vez, é controlada pelo fundo soberano de Omã. A companhia tem atuação no comércio global de commodities agrícolas, sendo uma das cinco maiores tradings de trigo do mundo.
De acordo com fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e assinado pelo próprio Frederico Humberg, a Solaris investe na cadeia de suprimentos como estratégia de integração vertical de ativos alinhados ao seu negócio de comércio de commodities agrícolas.
De acordo com o comunicado, o investimento permitirá à Solaris “ingressar nos mercados brasileiros de comercialização de milho e soja, garantir acesso à infraestrutura logística portuária, diversificar sua oferta de commodities e contribuir para a segurança alimentar”.
A conclusão da venda está condicionada ao cumprimento de determinadas condições precedentes, incluindo a aprovação de órgãos regulatórios, como a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Resultados
A Agribrasil reportou no primeiro trimestre um lucro líquido de R$ 2,9 milhões, ante prejuízo de R$ 3,1 milhões no primeiro trimestre de 2024. Excluindo efeitos não recorrentes e efeitos não caixa, o lucro teria sido de R$ 4,5 milhões no primeiro trimestre de 2025 e de R$ 3,1 milhões no mesmo intervalo do ano anterior.
A receita líquida cresceu 302%, para R$ 1,37 bilhão, impulsionada pela estratégia da companhia de direcionar por meio do Tesc seus esforços para o encerramento da safrinha de milho de 2024 e para o mercado de milho verão. O volume de produto negociado avançou 75% em relação ao ano anterior, para 1,02 milhão de toneladas. O desempenho também foi favorecido por um aumento de 34% no preço do milho e de 6% no preço da soja.
O lucro ajustado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) aumentou 61%, para R$ 109,1 milhões.
A operação do Tesc gerou para a Agribrasil receita líquida de R$ 153,7 milhões, Ebitda ajustado de R$ 70,4 milhões e lucro líquido de R$ 20,9 milhões no primeiro trimestre.