
A quatro dias do prazo para vigência de 50% de tarifas sobre os produtos brasileiros, a preocupação às empresas de insumos biológicos no Brasil se acirra. A líder de mercado de biodefensivos no Brasil, Koppert, deve travar planos de exportação para os Estados Unidos, como redesenhar a intenção de compra de matéria-prima norte-americana, caso o tarifaço entre em vigor na próxima sexta-feira, 1 de agosto.
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Para Danilo Pedrazzoli, diretor industrial da companhia no Brasil, os impactos podem não ser imediatos, mas são significativos. “O setor como um todo é afetado indiretamente. Se houver uma crise setorial, como no caso do citrus, os preços caem, o mercado retrai e perdemos em número de vendas, inclusive de produtos como os usados no combate ao greening”, afirma ao Valor.
Para desenvolver biodefensivos, a empresa de origem holandesa importa matérias-primas da Europa e dos Estados Unidos — o que pode ser comprometido com as novas barreiras comerciais. Além disso, a Koppert tem uma unidade nos EUA e está em processo de registro de produtos no país, o que também pode ser travado.
“Temos intenção de exportar para o segundo maior mercado de soja do mundo, que são os EUA, mas esse cenário põe em risco nossos planos de médio prazo”, avalia Pedrazzoli.
Além disso, as equipes de desenvolvimento de mercado da empresa, incluindo os colaboradores que estão nos EUA tentando fechar oportunidades de negócios, também serão prejudicadas, tendo que repensar e alocar esforços. “As expectativas para esse mercado estavam ótimas até Trump começar as atividades políticas dele, porque o tarifaço, sobretudo, é político”, argumenta.
Ele lembra ainda que o impacto se estende ao setor de rações e proteína animal, já que milho e soja são a base da alimentação de aves e bovinos. “Isso afeta os preços e, por consequência, repercute indiretamente sobre nosso mercado de biológicos, pois os custos dos insumos passam a custar mais também.
Mesmo com as preocupações, contudo, o executivo demonstra cautela e certa esperança em uma negociação, em especial devido à balança comercial entre os países ser bastante equilibrada.
Além da soja e do citrus, a Koppert também acompanha com atenção o mercado de café. Segundo Pedrazzoli, a empresa está em fase de registro de um sistema sentinela contra a broca do café, praga de grande impacto na produção.
“O Brasil é o maior mercado de empresas, como Nespresso e Starbucks. Esta última processa quase toda sua matéria-prima nos EUA e qualquer restrição nesse segmento pode atrapalhar os custos, os preços e impactar no ciclo de inovação de formulações biológicas para o café também”, afirma o diretor da empresa.