
O Brasil precisa adotar uma posição estratégica em relação à produção nacional de fertilizantes, para que o país fique menos dependente das importações de insumos para a produção agrícola. A avaliação foi feita por Guilherme Bastos, ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e coordenador do Centro de Estudos em Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV Agro), durante o X Congresso Brasileiro da Soja, em Campinas (SP).
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“Hoje, se houver qualquer problema em termos de fronteira, o Brasil não consegue substituir a importação de insumos. É um problema muito sério que tem que ser avaliado. A sociedade precisa decidir sobre a exploração das reservas de fertilizantes. É uma questão de soberania nacional”, disse Bastos.
Ele observou que o país importa potássio do Canadá, saído de regiões que eram áreas indígenas, enquanto grupos da sociedade fazem pressão para que o governo brasileiro não autorize a exploração de reservas no país. “Não estou dizendo que tem que fazer a mesma coisa aqui no Brasil [como no Canadá], mas a gente não pode ser dar ao luxo de abrir mão da exploração das reservas para reduzir a dependência de importados”, acrescentou.
Bastos citou como outro desafio no mercado a volta da Petrobras na produção de fertilizantes. Segundo o especialista, outras empresas do setor podem postergar investimentos enquanto aguardam mais detalhes sobre a movimentação feita pela estatal, que pode determinar preços no mercado doméstico. “Há um anseio de mostrar poderio, mas que dá uma sinalização não muito boa para o restante do mercado avançar”, ponderou.
*A Embrapa forneceu hospedagem à jornalista.