O encontro poderá ocorrer 21 dias após nova entrega da documentação Em decisão do colegiado, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aceitou pedido do fundo de pensão do Banco do Brasil, a Previ, e decidiu suspender a assembleia de acionistas marcada para o próximo dia 14 que deliberaria sobre a fusão entre a Marfrig e BRF. O encontro poderá ocorrer 21 dias após nova entrega da documentação.
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A autarquia entendeu que as companhias não cumpriram com a determinação para apresentação de documentação para mostrar como comitês independentes contratados chegaram na relação de troca de 0,85 da ação da Marfrig para cada ação da BRF, conforme a proposta da fusão. Os diretores da CVM Marina Copola e Otto Lopo acompanharam, com isso, o parecer da área técnica da Superintendência de Relação com Empresas (SEP).
A Previ, juntamente com o investidor Alex Fontana, foram à CVM em junho pedindo mais explicações sobre a relação de troca na proposta de fusão. Com isso, a autarquia pediu para que as empresas apresentassem mais documentos e adiou, a primeira convocação da assembleia, que tinha inicialmente sido marcada para o dia 18 de junho.
A companhia entregou à CVM os documentos e remarcou a assembleia para o dia 14 de julho, mas com informações suprimidas. Com isso, a Previ foi novamente à CVM, reclamando que a exigência não havia sido cumprida. Em paralelo, entrou com recurso no Justiça, também com o objetivo de suspender a assembleia.
O assunto também já está em arbitragem. A Previ acredita que a relação de troca proposta apenas beneficia o controlador, Marcos Molina.
Um dos questionamentos da Previ é a apresentação de documentos com informações tarjadas pela BRF. Em contrapartida, a BRF argumentou à CVM que os documentos estão em linha com os usualmente divulgados pelas companhias abertas em operações de reorganização societária.
Procuradas pela reportagem, Marfrig e BRF não comentaram o assunto.
A fusão entre as duas companhias de alimentos também foi questionada no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) pelo frigorífico Minerva Foods, que entrou com um pedido de recurso contra a operação no final de junho.
Em parecer enviado ao órgão antitruste, a Minerva argumentou que a aprovação da operação, realizada em rito sumário, desconsidera impactos relevantes à concorrência, sobretudo no mercado de alimentos processados.
A Minerva também destaca o papel da Salic — braço de investimentos da Arábia Saudita — como fator de preocupação. A entidade já detém 24,5% do capital da própria Minerva e, com a incorporação, passará a ter participação também na Marfrig, o que, segundo a empresa, pode levar a um alinhamento indevido de interesses entre concorrentes.
A Minerva teme, ainda, que conselheiros indicados pela Salic nas duas companhias favoreçam a troca de informações estratégicas, prejudicando a rivalidade no setor.