Conhecer os gastos com a produção, apostar em pré-venda dos grãos e travar a margem de lucro estão entre as orientações Aos 25 anos, o produtor Ricardo Berendsen já está à frente da gestão da fazenda da família em Arapoti, no Norte Pioneiro do Paraná. A geração de renda na propriedade é dividida entre a produção de grãos e de leite. Para manter o equilíbrio financeiro, Ricardo acompanha de perto as movimentações: “esperamos produzir bem para valer a pena”.
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Em 360 hectares de lavoura, ele destaca que o clima ajudou e a produção de soja deste ano alcançou perto de 5 mil kg por hectare, bem acima da média estadual de 3,7 mil kg por hectare. Nos cultivos de inverno, ele optou por plantar 100 hectares de trigo e 100 hectares de cevada para produção de sementes.
Este é o terceiro ano que o produtor aposta na cevada. “É uma cultura relativamente nova aqui, que entra bem no rodízio com o trigo, para não ficar todo ano com a mesma cultura. A rentabilidade do trigo, por exemplo, depende muito do custo de produção”, avalia. Já na pecuária leiteira, a propriedade investe na criação do gado holandês, com produção de 5 mil litros de leite por dia.
Para manter a saúde financeira do negócio, Ricardo observa de perto os custos envolvidos em todas as etapas de produção, incluindo os investimentos, os custos fixos e variáveis, por meio de aplicativos de gestão e de planilhas do Excel. “É uma boa maneira de trabalhar a gestão da propriedade e fazer o acompanhamento financeiro”, considera.
Mercado
Guilherme Cioccari, consultor da StoneX, destaca que o produtor tem que conhecer seu custo de produção. “Como eu vou saber se o preço pago pelo produto é bom ou não se eu não conheço meu custo?”, adverte.
Para Cioccari, o produtor rural precisa entender o seu custo e, principalmente, ir travando as margens de lucro. “A gente está em um ambiente extremamente volátil, com guerra e questões políticas globais, e também as mudanças climáticas, que atrapalham as previsões e as perspectivas do produtor. A logística também é complicada, não tem armazém para tudo o que se produz. Ou seja, são tantas interferências”, alerta.
“Conheça seu custo, vá fazendo pré-venda, trave sua margem que é uma maneira de garantir o melhor cenário”, completa Cioccari
O consultor reforça que o país deve caminhar, a princípio, para uma nova safra robusta no próximo ano, com perspectivas de recorde de produção. Além disso, ele salienta que está em andamento uma produção robusta de milho safrinha atualmente, talvez a maior da história. Frente a isso, entretanto, Guilherme destaca que a inconstância do cenário global exige um bom acompanhamento financeiro do negócio por parte do produtor.
A diversificação de atividades agrícolas na propriedade rural é considerada interessante pelo consultor, mas ele lembra que isso exige um pouco mais da gestão da propriedade. “Não colocar os ovos numa mesma cesta sempre foi importante. Ainda mais em regiões com apoio cooperativista e assistência técnica”, ressalta.
Guilherme foi um dos palestrantes da 51ª edição da Expoleite, feira realizada pela Capal Cooperativa Agroindustrial em Arapoti, entre os dias 3 a 5 de julho.
Exposição de animais da Expoleite 2025
Carolina Mainardes/Globo Rural
Expoleite
Segundo a organização da Expoleite, quase 30 mil visitantes passaram pelo Parque de Exposições Capal. O público foi recorde e apresentou crescimento de 45% em relação à edição anterior. Com foco na pecuária leiteira, o evento abordou também a produção de suínos, cafeicultura e mercado agrícola. Em torno de 120 empresas expositoras estiveram presentes na exposição, com novidades nas áreas de medicamentos, nutrição animal, soluções agrícolas e maquinários.
Para a Capal, a feira evidencia a potência e a qualidade genética do gado criado nos Campos Gerais do Paraná, uma das maiores regiões produtoras de leite do país. Neste ano, aproximadamente 200 animais estiveram presentes na Expoleite e desfilaram na pista principal durante o julgamento, que integra o Circuito Nacional da Raça Holandesa.
*A jornalista viajou a convite da Capal Cooperativa Agroindustrial