Proposta é beneficiar apenas aos produtores que já têm o Cadastro Ambiental Rural (CAR) analisado e possuem vegetação acima do permitido por lei O Ministério do Meio Ambiente vai propor que os descontos nos juros para produtores rurais que têm excedentes de áreas preservadas nas suas propriedades cheguem a 1,5 ponto percentual nas operações de custeio já no Plano Safra 2025/26.
COP30 vai acelerar ações, afirma Ana Toni
Comprovar que agro é sustentável demanda certificação e rastreabilidade
Produtores de Mato Grosso pedem suspensão do CAR 2.0 no Estado

A proposta da Pasta é que o benefício seja concedido apenas aos produtores que já têm o Cadastro Ambiental Rural (CAR) analisado e possuem vegetação nativa além do exigido por lei. Atualmente, cerca de 3% dos mais de 7,5 milhões de registros foram validados pelos órgãos estaduais de meio ambiente.
De acordo com o Ministério, a sugestão é para que seja concedido 0,5 ponto percentual de desconto nos financiamentos de custeio para propriedades que tiverem entre 2% e 25% da área com excedente de vegetação nativa.
Para propriedades que tiverem entre 25% e 50% da área com excedente de mata preservados, a proposta é que o rebate nos juros seja de 1 ponto percentual. Já os imóveis rurais onde mais da metade da área seja excedente de reserva legal, o desconto chegaria a 1,5 ponto percentual.
Saiba-mais taboola
Em todos os casos, a área de excedente preservado deve ser de, no mínimo, 10 hectares. No início das discussões internas no governo, a intenção é que fossem contemplados produtores com até 0,1 hectare de excedente, para inserir pequenos proprietários, segundo apurou a reportagem. A proposta não avançou por conta das dificuldades de checagem visual dessas pequenas porções de terra.
O Ministério do Meio Ambiente afirmou, em resposta à reportagem, que considera o Plano Safra uma importante política pública para incentivar o agronegócio sustentável e a conservação e restauração de vegetação nativa. “É necessário que a preservação da natureza seja encarada como atividade geradora de serviços ambientais e recompensar os produtores rurais que os proveem”, comentou.
Secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, é quem lidera as discussões sobre beneficiar preservacionaistas com juros menores no crédito rural
Rogerio Vieira/Valor
Segundo a Pasta, há espaço para discutir e implementar a medida ainda este ano. A proposta oficial ainda não chegou ao Ministério da Fazenda, que lidera a formulação dessas medidas. O tema tem sido liderado pelo secretário-executivo João Paulo Capobianco.
Ricardo Nissen, especialista em Políticas Públicas para Agricultura e Pecuária da TNC Brasil, disse que a proposta é interessante, pois estimula a manutenção da floresta em pé, mas salientou que são necessárias regras claras para a preservação desses excedentes no longo prazo.
Dificuldades operacionais e burocráticas persistentes no processo de validação do CAR ainda limitam o alcance desse tipo de medida, avaliou. “Com base em georreferenciamento e com a análise do CAR, a averiguação de excedente não é difícil de checar, pode ser feito por satélite, mas é preciso evoluir na validação do CAR”, opinou. Segundo ele, os produtores precisam olhar a conservação ambiental como um negócio e uma oportunidade de remuneração para que essas práticas ganhem escala.