Empresa de tecnologia agrícola firmou contratos com indústrias e produtores de soja, milho e arroz para fornecimento de grãos nas safras 2024/25 e 2025/26 A americana Indigo Ag, empresa de tecnologia agrícola, trouxe para Brasil e Argentina um programa que remunera produtores rurais pela adoção de agricultura regenerativa, que tem como consequência a redução das emissões de carbono.
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A empresa firmou contratos com indústrias e produtores de soja, milho e arroz para fornecimento de grãos nas safras 2024/25 e 2025/26. Os nomes das indústrias e o tamanho das lavouras envolvidas são mantidos em sigilo por enquanto. Cristiano Pinchetti, CEO da Indigo para América Latina e Europa, diz apenas que o projeto é desenvolvido com parceiros que a companhia já tem nos Estados Unidos.
O projeto no Brasil é desenvolvido com 12 produtores de grande porte e, na Argentina, com dois grupos de agricultores. Os contratos seguem o modelo conhecido como “source” (programa de carbono de escopo 3), que apoia empresas na estratégia de descarbonização e no desenvolvimento de cadeias agrícolas sustentáveis.
Os produtores adotam técnicas de agricultura regenerativa, como programas de eficiência do uso da água, no uso de nitrogênio, rotação de culturas e plantio direto. A Indigo mede a redução nas emissões de carbono e no consumo de água e os produtores recebem um prêmio compatível com os resultados obtidos.
“O valor a ser pago vai variar de acordo com o carbono capturado. Para esta primeira fase, a expectativa é pagar aproximadamente R$ 10 milhões pela descarbonização das duas safras combinadas”, afirma Pinchetti. A estimativa baseia-se nos resultados que a Indigo obtém com projetos similares nos Estados Unidos. “Estamos consolidando os dados da colheita da safra de verão e fazendo as verificações para definir o pagamento aos produtores”, afirma o executivo.
A Indigo fez adaptações do modelo adotado nos Estados Unidos para adequá-lo aos biomas brasileiros. A calibragem é feita com bases de dados locais de práticas agronômicas, solo e clima, refletindo a realidade dos biomas. Esse modelo utiliza inteligência artificial para ajustar os cálculos às características de cada propriedade.
“Estamos estruturando nossa atuação para trazer ao mercado latino-americano o programa de créditos de carbono agrícolas, que é nosso carro-chefe nos Estados Unidos”, afirma Pinchetti.
Nos Estados Unidos, o programa da Indigo completou quatro safras, com remoção de 1 milhão de toneladas de carbono da atmosfera, via captura do poluente em solo agrícola, além de ter evitado o escoamento de mais de 64 bilhões de galões de água. Somente neste ano, a Indigo emitiu nos EUA aproximadamente 600 mil créditos de carbono.
O potencial é enorme. Há várias indústrias interessadas”‘
Os créditos são emitidos por meio do Climate Action Reserve. Do valor obtido com a venda dos créditos de carbono, 75% são repassados aos agricultores. Segundo Pinchetti, nos EUA, a Indigo dobra as emissões de crédito de carbono a cada ano. A empresa também tem um projeto na Alemanha e conversa com potenciais parceiros para implantação de iniciativas na Europa.
“O mercado potencial é enorme, estamos falando de crescer em múltiplos ao ano, não em percentual. Há várias indústrias interessadas. Além das indústrias de alimentos, temos acordos com banco, indústrias de bebidas, roupas, tecnologia”, diz Pinchetti. Em maio, por exemplo, a Indigo fechou um contrato nos Estados Unidos para entrega de 60 mil créditos de carbono para a Microsoft.
No Brasil, segundo ele, a Indigo tem conversado com outras indústrias interessadas em implantar programas semelhantes. O executivo observa que cada indústria parceira define as metas de descarbonização, economia de água, ou de energia, e a remuneração que irá pagar para os produtores. A Indigo faz o monitoramento e a quantificação dos impactos ambientais na produção agrícola.
Saiba-mais taboola
Para os agricultores, além do prêmio recebido pela produção, a agricultura regenerativa proporciona melhora na saúde do solo e ganhos de produtividade, observa Pinchetti. “Para as empresas, o programa oferece uma solução concreta para avançar na descarbonização, com rastreabilidade, critérios técnicos claros e indicadores de impacto”.
O programa da Indigo junta-se a outras iniciativas que surgiram no mercado brasileiro nos últimos tempos. Uma delas é a Reg.IA, aliança entre Produzindo Certo, Agrivalle, Bayer, BRF e Grupo Associado de Pesquisa do Sudoeste Goiano (Gapes). Lançada em agosto do ano passado, a iniciativa pretende fomentar a produção de 50 mil hectares de soja sustentável no Brasil.
A BRF comprometeu-se a pagar um prêmio de pelo menos 2% sobre as sacas de soja produzidas com técnicas de agricultura regenerativa. O programa Reg.IA envolve 30 fazendas, com produção de 200 mil toneladas da oleaginosa por ano.
Em novembro de 2024, a Milhão Ingredients, que origina e industrializa milho não transgênico, entrou no consórcio. A empresa se comprometeu a pagar 2% de prêmio para a produção de milho convencional produzido com agricultura regenerativa.