
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva promete reação conforme a Lei de Reciprocidade Econômica. Especialista avalia que resposta incomodaria, mas é pouco provável Aplicar a Lei da Reciprocidade Econômica seria a única forma de o Brasil “incomodar” o governo de Donald Trump, que anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Mas é “improvável” que o governo Lula dê esse tipo de resposta, avalia o ex-secretário de Comércio Exterior e sócio-fundador da consultoria BMJ, Welber Barral.
Tarifas dos EUA são ‘alerta ao equilíbrio das relações comerciais e políticas’, diz bancada ruralista
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta quarta-feira (9/7), que qualquer medida adotada pelo Brasil serão conforme a Lei de Reciprocidade Econômica (15.122/2025). O texto foi aprovada pelo Congresso Nacional e sancionado no início de abril, quando tarifas de 10% dos Estados Unidos passaram a valer.
A lei autoriza o governo a “adotar contramedidas na forma de restrição às importações de bens e serviços ou medidas de suspensão de concessões comerciais, de investimento e de obrigações relativas a direitos de propriedade intelectual e medidas de suspensão de outras obrigações previstas em qualquer acordo comercial do país” em resposta a medidas unilaterais adotadas por país ou bloco econômico que impactem negativamente a competitividade internacional brasileira.
Saiba-mais taboola
Para Barral, o Brasil pode insistir na negociação diplomática para tentar reverter o cenário. Outra alternativa é buscar, sem alarde, mercados alternativos, o que pode ser adotado e surtir efeito no longo prazo. Apostar na retórica antiamericana crescente pode ser uma carta na manga, com reflexos políticos importantes, mas impacto negativo no médio prazo.
Além das tarifas de 50% sobre todo e qualquer produto brasileiro, os Estados Unidos determinaram a abertura de investigação contra o Brasil por práticas desleais de comércio. Se houver reação, Trump prometeu aplicar tarifas adicionais de mais 50%.
Danos à imagem
Segundo Barral, algumas consequências desse movimento são previsíveis. Ele aposta em danos à imagem do ex-presidente Jair Bolsonaro, defendido por Trump na carta enviada a Lula. Segundo o ex-secretário de Comércio Exterior, Bolsonaro será vinculado, em ano pré-eleitoral, às eventuais consequências para a economia brasileira.
O especialista também prevê um tratamento mais duro do judiciário brasileiro contra o grupo político de Bolsonaro e contra as big techs norte-americanas. Para Barral, deve haver danos econômicos para alguns setores específicos (como produtores de aço e metais) e para indústrias norte-americanas que têm cadeias integradas no Brasil, como produtoras de automóveis, tratores e equipamentos.
Ele avalia ainda um possível reforço ao discurso Sul-Sul, com crescentes críticas à imprevisibilidade dos Estados Unidos.