
Grupo tem vários países aliados dos Estados Unidos, como Índia e Arábia Saudita A ameaça feita pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifa de 10% a produtos importados de países do grupo Brics não deve se concretizar, na avaliação do professor Marcos Jank, do Insper Agro Global.
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O presidente americano disse que vai impor a tarifa adicional de 10% aos países do Brics porque o bloco tem a intenção de “destruir o dólar”.
“Não acho que o Trump vá concretizar essa ameaça. O Brics tem vários países aliados dos Estados Unidos, como Índia e Arábia Saudita. Além disso, não é um tema de consenso no Brics a adoção de outra moeda em substituição ao dólar”, afirma Jank.
O presidente dos EUA também enviou na segunda-feira (7/7) cartas para 14 parceiros comerciais anunciando tarifas mínimas sobre produtos importados, variando de 25% a 40%, com validade a partir de 1º de agosto.
Em relação a esses países, Jank considera que todos devem caminhar para uma negociação com os Estados Unidos. “Todos os países devem entrar em negociação. Agora, se houver retaliação dos países aos Estados Unidos, pode haver algum benefício para o agronegócio brasileiro, principalmente para grãos, carnes e algodão”, avalia.
Cúpula do Brics pode abrir oportunidades para o agro do Brasil
Entre os países que receberam as cartas com anúncio de taxas estão Japão (25%), Coreia do Sul (25%), Malásia (25%), Indonésia (32%), Bangladesh (35%) e Tailândia (36%), que são importadores de grãos e carnes dos Estados Unidos.
“Mas acho improvável que esses países adotem tarifas de retaliação aos Estados Unidos. São países que têm uma relação muito forte dos EUA, principalmente na questão de segurança. É mais provável que haja negociações entre eles, ao contrário da China e da Europa, que têm reagido com mais força”, observou Jank.
Efeitos na soja
Segundo o analista Carlos Cogo, o mercado de soja deve seguir monitorando as sinalizações de tarifas do governo dos EUA. O anúncio de que países alinhados ao Brics poderão pagar tarifa adicional de 10% aumentou a cautela no mercado físico, na avaliação de Cogo.
Para Rafael Silveira, analista da Safras & Mercado, caso o presidente Trump anuncie uma nova rodada de tarifas mais agressivas — como já sinalizou — é possível que a China responda com retaliações, o que elevaria o custo de importação da soja americana justamente no momento de entrada da nova safra.
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“Isso tem implicações relevantes: com uma demanda chinesa mais fraca por soja americana, poderíamos ver uma redução no ritmo de exportação no fim do segundo semestre. Nesse cenário, os estoques finais nos EUA poderiam ser reavaliados para cima, mesmo em um contexto de oferta apertada. Se a produtividade das lavouras não for comprometida, esse estoque mais folgado tende a ser interpretado como fator de baixa para a Bolsa de Chicago”, acrescenta.
No cenário brasileiro, eventuais restrições à soja dos Estados Unidos podem abrir mais espaço para o produto nacional no mercado internacional, favorecendo as exportações e sustentando os prêmios até o fim do ano. No entanto, caso a demanda externa não cresça no ritmo esperado, há risco de queda nos prêmios de exportação, especialmente a partir de outubro, quando a soja americana passa a competir com mais força no mercado global, conclui.






