
Compradores brasileiros devem continuar enfrentando dificuldades para negociar valores mais baixos O cenário global de fertilizantes segue pressionado por fatores geopolíticos e comerciais, mantendo os preços em alta mesmo fora dos períodos tradicionais de maior demanda. Segundo relatório da StoneX, essa dinâmica deve continuar influenciando negativamente o mercado brasileiro.
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No país, a escalada dos preços dos fertilizantes pode pressionar os resultados dos agricultores, com os custos de adubação para soja, milho e algodão superando os níveis de 2024. A consultoria projeta que os compradores brasileiros devem continuar enfrentando dificuldades para negociar preços mais baixos nos próximos meses
Desde o início de 2025, os preços dos fosfatados e potássicos vêm em trajetória ascendente. “Nem mesmo o segundo trimestre, período em que as cotações tendem a perder suporte com o término da temporada de compras no Hemisfério Norte, trouxe alívio para os compradores”, apontou a consultoria. De acordo com o relatório, os preços permaneceram firmes, contrariando as expectativas de queda.
Essa resiliência, segundo a StoneX, decorre de uma combinação entre demanda aquecida em diversos países e oferta limitada, o que deu sustentação às teses altistas. No caso dos nitrogenados, a suspensão das exportações de ureia pela China restringiu a oferta global. Como resultado, países como Estados Unidos e Índia aceitaram preços mais altos para recompor seus estoques.
Nos Estados Unidos, o aumento recente das tarifas de importação de fertilizantes, promovido pela administração Trump, também contribuiu para encarecer as aquisições e reduzir a atividade dos importadores, mantendo a oferta ajustada e os preços elevados.
A interrupção das exportações chinesas também teve impacto expressivo sobre os fosfatados. A escassez de fosfato monoamônico (MAP) e fosfato diamônico (DAP) intensificou a disputa pelas cargas disponíveis e impulsionou as cotações. “A resistência dos compradores aos reajustes não teve efeito prático”, informou a StoneX, acrescentando que a relação de troca entre esses fertilizantes e os grãos está nos piores níveis desde o início da guerra entre Rússia e Ucrânia.
No mercado de potássicos, que vinha oferecendo condições mais favoráveis, o avanço das compras e a demanda firme fizeram com que os preços do cloreto de potássio (KCl) também começassem a subir. Ainda assim, o segmento mantém, por ora, termos comerciais mais atrativos em relação aos nitrogenados e fosfatados.
O cenário brasileiro, segundo a consultoria, deve seguir com pressão nos custos justamente no momento em que se intensifica a demanda doméstica, às vésperas do plantio da soja. Esse movimento, historicamente, tem ajudado a sustentar as cotações em níveis elevados, reduzindo a chance de quedas expressivas de última hora.
Além do aumento dos preços, a StoneX destaca que os produtores rurais enfrentam um ambiente desafiador, com crédito mais restrito e preços agrícolas ainda pressionados. “A reta final para a safra 2025/26 se desenha com três desafios principais: custos elevados, acesso ao crédito mais restrito e preços agrícolas ainda sob pressão”, afirma o relatório.
A consultoria também menciona possíveis fatores de alívio, embora ainda incertos. Um deles é a retomada parcial das exportações de ureia e de MAP e DAP pela China. “A volta parcial da oferta chinesa pode aliviar a situação de setores que, há meses, são marcados pela escassez de mercadorias. Contudo, há pouca transparência sobre o assunto”, pontua o documento.
Outro fator é a queda recente nos preços de insumos como enxofre e amônia, o que pode reduzir os custos de produção da indústria de fertilizantes. No entanto, a StoneX ressalta que essa desvalorização, isoladamente, é insuficiente para alterar de forma significativa o atual cenário de preços firmes no mercado global.