Empresa de insumos biológicos estreia nos mercados chileno, mexicano e canadense e prevê expansão de 35% em 2025 Nos últimos três anos, a Biotrop, que produz insumos biológicos, acelerou suas operações nas três frentes centrais de sua estratégia de expansão: pesquisa e inovação, mercado internacional e comercialização. Com o bom desempenho nessa tríade, a companhia deve fechar 2025 com sua primeira receita anual bilionária. Caso a empresa atinja a marca, ela representará um crescimento de 35% em comparação com 2024, quando o faturamento chegou a R$ 762 milhões.
Leia também
Biotrop vai construir nova fábrica em SP em 2025
Biotrop conclui investimento de R$ 100 milhões em novas fábricas
A expectativa é positiva, mesmo em um ano de juros mais altos e instabilidade climática, diz o presidente da empresa, Jonas Hipólito, que, em janeiro deste ano, assumiu o cargo de Antonio Carlos Zem, biólogo que criou a empresa e a comandou desde a fundação, em 2018. Entre os pontos fortes da companhia, Hipólito citou o aumento no número de clientes e a equipe de agrônomos em campo, que conta com 300 profissionais. “É mais do que muitas empresas de [insumos] químicos têm”, afirmou ele ao Valor.
O executivo destacou também a estratégia da empresa para ganhar espaço no exterior. Neste ano, a Biotrop está abrindo os mercados chileno, mexicano e canadense para seus produtos e fortalecendo sua presença nos Estados Unidos e em parte da Europa (Portugal, Espanha, Itália, França e Grécia).
Segundo Hipólito, para avançar no mercado externo, a empresa projeta investir, até 2028, entre US$ 10 milhões e US$ 15 milhões nos processos de obtenção de registros no exterior de formulações que ela tem desenvolvido no Brasil. Os recursos também servirão para dar início a operações comerciais nos novos mercados.
Desde setembro de 2023, a Biotrop pertence ao grupo belga BioFirst (ex-BioBest), que comprou a empresa brasileira do fundo Aqua Capital por R$ 2,8 bilhões. “Estamos em outro patamar. O nível em que a Biotrop está hoje é muito diferente do de três anos atrás”, disse. Segundo Hipólito, o objetivo é construir “presença consistente e duradoura” fora do país.
Outro plano para 2025 é fortalecer a estrutura no Brasil, onde tem, hojem oito unidades. A ideia da direção é ampliar unidades de pesquisa na Bahia e em Minas Gerais. A sede administrativa fica em Vinhedo (SP), há dois centros de multiplicação de micro-organismos, que receberam investimentos mais recentemente, em Jaguariúna (SP) e Curitiba, além de centros de pesquisa.
Saiba-mais taboola
Combinadas, as iniciativas para expansão dentro e fora do Brasil ajudarão a companhia a posicionar seu país de origem como um “fabricante-exportador” de biológicos, afirma Hipólito. Segundo ele, isso subverte uma ideia corrente no mercado de que o país é importador de tecnologia.
Carlos Alberto Baptista, diretor comercial da empresa, destaca que os conhecimentos do país sobre os bioinsumos têm se fortalecido. “Estamos doutrinando o mercado em relação a biológicos”, diz.
A Biotrop estima que o mercado de biológicos no Brasil cresça entre 6% e 8% ao ano, puxado por fatores macroeconômicos pela busca dos agricultores por soluções que deixam menos resíduos e têm pegada de carbono menor do que os insumos químicos.
A adoção de biológicos no Brasil acelerou-se nos últimos cinco anos, e, segundo os executivos, entre 40% e 50% dos produtores já utilizam ao menos uma tecnologia de base biológica. O objetivo da Biotrop é dobrar sua presença nas lavouras, com três ou quatro produtos da marca por cliente, incluindo inseticidas para percevejo da soja e bicudo do algodão, além de fungicidas.
Nos últimos três anos, a companhia investiu na diversificação de seus canais de venda. De acordo com os executivos, a aposta deu certo, e é graças a ela que a empresa agora tem trabalhado para executar sua expansão internacional.
“Avançamos em negociações com cooperativas e em ampliação da venda direta. Em três anos, as vendas diretas, que representavam 10% do faturamento, passaram para 45%”, disse Baptista.
O projeto com cooperativas, que começou há um ano e meio, já tem 24 associadas na lista de clientes. No canal direto, a empresa cresceu com usinas de cana-de-açúcar do Centro-Sul e clientes de grande porte do Cerrado.