Avanço da safra no Brasil foi responsável por forte desvalorização da commodity no cenário externo Se no primeiro trimestre do ano, a crise na oferta de café levou os preços a níveis recorde na bolsa de Nova York, a cotação ensaiou correção no fechamento de junho, puxada principalmente pelo avanço da colheita no Brasil, maior exportador de arábica do mundo. Com isso, o produto foi o destaque de queda entre as principais commodities agrícolas no último mês. Na bolsa de Chicago, o produto com o maior recuo foi o milho, reflexo do bom andamento da safra nos Estados Unidos. Já o trigo subiu, diante das preocupações com os conflitos no Oriente Médio e da desvalorização do dólar.
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No mercado do café em Nova York, o cenário desenhado por analistas no início do ano se consolidou em junho. Com o começo dos trabalhos de colheita no Brasil — até de café conilon —, a percepção de oferta maior cresceu, derrubando os preços. Dessa forma, os contratos de segunda posição tiveram queda de 10,27% em junho, para uma média de US$ 3,3256 a libra-peso, segundo o Valor Data.
De acordo com a StoneX, o Brasil colheu 54% da safra de café esperada para o ciclo 2025/26. No mesmo período do ano passado, a colheita estava em 57,9%. Mesmo com esse atraso, a sensação de maior oferta motivou o desmonte de posições compradas do café nas últimas semanas.
“Até o primeiro trimestre, o café era negociado acima de US$ 4, patamar nunca antes registrado. Apesar da queda nos preços, é importante lembrar que eles ainda estão em níveis historicamente elevados”, afirma Fernando Maximiliano, analista de inteligência de mercado da StoneX.
Os preços do cacau também caíram em junho na bolsa de Nova York, mas os níveis seguem elevados. Os contratos de segunda posição recuaram 4,43%, para o valor médio de US$ 9.006 a tonelada. A pressão de baixa ainda reflete as condições de clima favoráveis para a produção no oeste da África.
No mercado do açúcar, a maior oferta de Tailândia e Índia fez os contratos de segunda posição recuarem 5,13%, em junho, em Nova York, para, em média, 16,71 centavos de dólar por libra-peso.
O suco de laranja concentrado e congelado (FCOJ, na sigla em inglês) ficou praticamente estável. Os papéis fecharam junho em queda de 0,50%, para, em média, US$ 2,5638 a libra-peso. Já o algodão caiu 1,57%, para 67,03 centavos de dólar a libra-peso em junho.
Bolsa de Chicago
O trigo foi o destaque de alta entre as commodities agrícolas negociadas na bolsa de Chicago. Os contratos de segunda posição do cereal fecharam com valorização de 2,99%, para uma média de US$ 5,5594 o bushel.
De acordo com Luiz Pacheco, analista da T&F Consultoria Agroeconômica, o conflito entre Irã e Israel motivou a oscilação do cereal no último mês. “Como a guerra ocorreu em uma região que envolve grandes importadores de trigo, muitos anteciparam as compras prevendo a escalada das tensões”, disse.
Para ele, a alta também está relacionada à desvalorização do dólar, que tornou o cereal americano competitivo no cenário externo.
Com a finalização do plantio nos EUA, os contratos de segunda posição do milho fecharam o mês de junho em queda de 4,90% em Chicago, para uma média de US$ 4,2111 o bushel. O início da colheita da safrinha no Brasil, onde as perspectivas apontam para uma produção recorde, também contribuiu para a baixa na bolsa.
O preço da soja pouco oscilou em junho, com forças distintas atuando no mercado. Os contratos de segunda posição fecharam em leve queda, de 0,39%, para US$ 10,4895 o bushel na média. Enquanto o avanço nos EUA da safra atuou como fator de pressão negativa para a soja, o conflito no Oriente Médio mexeu com os preços do petróleo. Isso resultou em altas para o óleo de soja, que impediram um recuo maior do grão.