No encerramento da conferência mundial em Ribeirão Preto, associação lançou carta para a COP 30 A agricultura pode ser parte da solução para as mudanças climáticas se políticas públicas e estratégias privadas forem adotadas para a expansão do uso de tecnologias climáticas inteligentes. Esse é o recado da 35ª Conferência Mundial do Ifama (International Food and Agribusiness Management Association ou Associação Internacional de Gestão de Alimentos e Agronegócios) para a COP 30, que será realizada em novembro deste ano em Belém, no Pará.
Saiba-mais taboola
O evento internacional em Ribeirão Preto, no interior paulista, terminou nesta quinta-feira (26/6). A conferência, que reuniu 600 pessoas de 43 países, ocorreu pela primeira vez no Brasil e foi promovida pela Harven Agribusiness School em parceria com o FB Group.
A carta detalha como o setor agropecuário pode aumentar a produção de alimentos e bioenergia visando atender ao crescimento populacional, combater a fome e preservar o meio ambiente. O documento foi direcionado ao presidente da COP 30, André Aranha Correa do Lago, e ao embaixador da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) no Brasil, Roberto Rodrigues.
O irlandês Aidan Connolly, presidente do Ifama, assina a carta junto com o fundador e diretor da Harven, Marcos Fava Neves. Segundo Connolly, a intenção é mostrar o que o agro, especialmente o brasileiro, está fazendo para responder aos desafios de alimentar o mundo e combater as mudanças climáticas.
O presidente do Ifama avalia como muito alto o nível da conferência realizada em Ribeirão Preto pela relevância das discussões, a participação dos jovens líderes e de professores, pesquisadores, profissionais e líderes do agro no mundo todo, como a diretora-geral adjunta da FAO, Beth Bechdol, que recebeu no evento o troféu de “Mulher do Agro 2025”.
Diretora-geral adjunta da FAO, Beth Bechdol, recebeu o troféu de “Mulher do Agro 2025”
Divulgação
“Nós estamos apaixonados com a missão de alimentar o mundo e este evento em Ribeirão foi organizado por pessoas com a mesma paixão e comprometimento”, disse o irlandês que mora nos Estados Unidos. Ele já morou alguns anos no Brasil e atualmente, além de dirigir o Ifama, trabalha como consultor para empresas americanas do agro que queiram fazer negócios no Brasil e também para as brasileiras que querem entrar nos Estados Unidos.
Nesta sexta, Connolly e um grupo de estrangeiros que veio para a conferência vão visitar empresas do agro na região de Ribeirão Preto.
“Essas visitas são importantes para conferir in loco o que se ouve na conferência porque a opinião lá fora sobre a sustentabilidade da produção brasileira não é das melhores. É fundamental ter estrangeiros também defendendo essa produção sustentável, que inclui tecnologias, inovação, rastreabilidade e também bem-estar animal.”
O documento
O texto do Ifama para a COP 30 relata que um estudo publicado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, USDA, neste ano mostra que as importações das principais commodities agrícolas devem crescer significativamente nos próximos 10 anos, com destaque para arroz (+30,7%), carne suína (+26,6%), soja (+25,6%), frango (+25,3%), milho (+22,1%), algodão (+21,0%), carne bovina (+17,8%) e trigo (+12,1%).
Além disso, mais de 295 milhões de pessoas em 53 países enfrentaram níveis agudos de fome em 2024, de acordo com o Relatório Global sobre Crise Alimentar, um aumento de quase 14 milhões de pessoas em relação ao ano anterior.
Diante desses desafios, diz o texto, o agronegócio pode crescer horizontalmente sua produção, com aumento de uso da terra para o cultivo agrícola, alocando áreas subutilizadas ou com baixos níveis de produtividade, como as áreas de pastagens degradadas, e também aumentar a produtividade por área com inovações e tecnologias que possibilitem ganhos de produtividade e reduzam o desperdício de recursos.
Destacando a necessidade de crescimento de uma produção sustentável, o documento apresenta um inventário de tecnologias e inovações que têm sido desenvolvidas e utilizadas pelos agentes do agronegócio, para demonstrar que o setor pode ser a principal solução para enfrentar os desafios da segurança alimentar e mudanças climáticas.
Entre as tecnologias, o Ifama destaca o uso de sistemas de produção sustentáveis ​​e agricultura regenerativa; tecnologias aplicadas às cadeias alimentares como irrigação de precisão, drones, inteligência artificial e blockchain; uso de bioinsumos e técnicas genéticas e de tecnologias para conversão de energia.
Todo esse pacote, diz a carta, precisa ser acompanhado de políticas públicas como o pagamento por serviços ambientais e programas de incentivo a biocombustíveis.