Perdas com os incêndios do segundo semestre de 2024 afetaram produção e embarques de açúcar que seriam feitos em março A combinação de queda em vendas de etanol e açúcar no quarto trimestre da safra 2024/25 e do registro de créditos tributários um ano antes fez o lucro líquido da São Martinho cair 83,3%, para R$ 105 milhões. Já para a safra 2025/26, iniciada em abril, a companhia prevê crescimento nos negócios de cana e milho, sem mais efeitos não recorrentes que afetaram o desempenho nos últimos dois anos.
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O lucro caixa, que exclui o impacto dos recebíveis de precatórios do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), foi de R$ 140,5 milhões no trimestre, queda de 72,2% na comparação anual.
“Os incêndios em agosto do ano passado afetaram mais de 2 milhões de toneladas de cana. E no ano anterior recebemos perto de R$ 800 milhões de precatório Copersucar (IAA). Descontando esse efeito, o lucro caixa fica praticamente estável de uma safra para outra”, afirmou Fabio Venturelli, CEO da São Martinho.
“É motivo de orgulho. Apesar desse crime ambiental que nos foi imposto, conseguimos em 49 dias processar a cana queimada e ainda tirar uma produção de etanol”, afirmou o executivo.
Venturelli ressaltou que, devido às perdas com os incêndios criminosos, grande parte dos embarques previstos para março não se realizou, afetando o resultado do trimestre.
O lucro ajustado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda ajustado) no quatto trimestre fiscal encolheu 33,2%, para R$ 771,4 milhões.
A receita líquida no trimestre caiu 28,2%, para R$ 1,74 bilhão, sendo que a receita com a operação de cana cedeu 34,9%, a R$ 1,45 bilhão, enquanto a receita com a operação de milho cresceu 48,9%, para R$ 288,4 milhões. No trimestre, houve queda de 33,6% no volume comercializado de etanol, e redução de 46,4% no volume de açúcar. O desempenho negativo em açúcar foi parcialmente compensado pelo aumento de 33,2% nos preços do etanol.
A São Martinho acrescentou que houve estabilização da planta de etanol de milho. A unidade consolidou seu primeiro ano completo de operação na safra 2024/25. “A operação de etanol de milho teve um bom retorno sobre o capital, compensando parte da perda com os incêndios”, disse Felipe Vicchiato, diretor financeiro da São Martinho.
A operação de milho contribuiu com R$ 226,6 milhões de Ebitda no ano fiscal. O Ebitda ajustado da companhia no ano avançou 12,2%, para R$ 3,4 bilhões. O lucro líquido no ano caiu 62,3%, a R$ 556,7 milhões, e a receita líquida aumentou 4%, para R$ 7,2 bilhões.
Para a safra 2025/26, a São Martinho prevê processar 22,6 milhões de toneladas de cana, 3,7% mais que no ciclo anterior. A produção em termos de açúcar total recuperável (ATR) deverá ser 1,8% maior, de 3,16 milhões de toneladas. “Devemos crescer mais ou menos 2%, quando a maioria das usinas está reportando uma perda. Isso é por causa do impacto das queimadas em 2024”, disse o CEO.
Para a operação de milho, a São Martinho prevê elevar o processamento em 0,7%, a 515 mil toneladas. A produção de etanol de milho crescerá 2%, a 216,9 milhões de litros, e a produção de DDGs crescerá 1,7%, a 139,7 mil toneladas.
A companhia pretende investir R$ 2,3 bilhões nesta safra, 15,3% abaixo da temporada passada. A empresa concluirá a construção da unidade de biometano, prevista para entrar em operação em setembro. Parte do recurso também será usado na troca de colheitadeiras e na expansão de irrigação.