Pela primeira vez uma empresa brasileira emitiu dívida de 40 anos no mercado internacional Em uma operação marcada pelo forte interesse de investidores, a JBS conseguiu captar US$ 3,5 bilhões com títulos de dívida em dólar. Mesmo em um dia marcado pelo receio de uma possível escalada das tensões no Oriente Médio, os papéis encontraram demanda. O “book” atingiu US$ 16,7 bilhões, volume quase cinco vezes maior que a oferta, segundo fontes.
Leia também
Com primeiro pregão em NY, ações da JBS giram 4,5 vezes mais negócios que a média
JBS já vale mais de R$ 100 bilhões na bolsa
Os papéis foram divididos em três tranches. A mais curta, de dez anos, teve taxa de 1,25% acima do T-note (título do Tesouro americano) de mesmo vencimento e yield de 5,572%. O spread é o menor para uma emissão corporativa brasileira com o mesmo prazo.
A segunda tranche, de 30 anos, fechou com uma taxa equivalente a Treasurie mais 1,4% e yield de 6,265%.
A terceira tranche, de 40 anos, foi outro marco da operação, já que pela primeira vez uma companhia do país emitiu com esse prazo. Segundo bancos, o vencimento de 40 anos é comum em operações de companhias americanas, mas ainda não havia sido testado por um nome brasileiro.
Com o resultado, a expectativa é que outras empresas com avaliação considerada elevada também tentem esticar o prazo nas próximas ofertas. Até o fechamento da temporada de captações atual, que vai até meados de agosto, pelo menos outros dois nomes podem ir a mercado, apurou o Valor.
O fato da JBS atuar em um setor mais defensivo pode ajudar a explicar a demanda pelos títulos, assim como a atual situação financeira da companhia. A Fitch atribuiu o rating ‘BBB-’ aos bonds, considerando o perfil de negócios da empresa, um cronograma de amortização “favorável”, a expectativa de geração de fluxo de caixa livre positivo e a redução gradual da alavancagem ao longo dos próximos dois anos.
Outra leitura é de que os investidores se movimentaram para comprar papéis de empresas com grau de investimento com o receio de uma possível crise provocada pelas guerras.
O dinheiro será usado pela JBS para financiar a recompra de papéis que vencem em 2027, resgatar o valor total ou parcialmente uma emissão com vencimento em 2028 e quitar outras dívidas de curto prazo.
A oferta foi a segunda realizada neste ano pela empresa. Em janeiro, ela puxou a fila das emissões brasileiras com uma oferta de US$ 1,75 bilhão.