Filha de pioneiro da borracha no Espírito Santo investe nas amêndoas de qualidade O cacau entrou na fazenda de Pedro Burnier, um dos pioneiros da seringueira no Espírito Santo há oito anos, depois que sua filha Françoise se apaixonou pela cultura durante um congresso. O pai tinha seringueiras em Linhares desde 1980, a filha herdou as terras e decidiu ampliar o plantio, mas em consórcio com outra cultura.
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“A gente ia plantar café com a seringueira, mas depois que ouvi falar sobre as vantagens ambientais do cacau e soube que a cultura precisava de uma mão-de-obra permanente, decidi plantar 23 hectares de cacau no sistema agroflorestal (SAF) e não me arrependi”, diz Françoise Burnier, que produz de 400 a 500 sacas de 60 kg de cacau e, como todos os produtores do país, aproveita o recorde de preços praticados pelo mercado desde o ano passado.
“Os preços não estão bons… Estão excelentes. Há cinco anos, quase vendemos a fazenda, mas agora vamos aproveitar a renda do cacau para investir na renovação de toda a irrigação por gotejo da lavoura.”
O foco da produtora rural de terceira geração que também tem cacau a pleno sol é produzir amêndoas de alta qualidade para vender a chocolatiers, mas a maior parte é comercializada como commodity para a indústria Barry Callebaut que paga um bônus pela qualidade.
“Nossas amêndoas já foram premiadas em vários concursos. Na fazenda, aproveitamos 100% do cacau, inclusive a casca, que vai para a compostagem.”
A produtora é uma das que têm o selo de Indicação Geográfica (IG) do Cacau de Linhares, o primeiro a ser concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) a produtores da amêndoa em 2012. Sete anos depois, a Associação dos Cacauicultores do Espírito Santo (Acau) lançou o selo de rastreabilidade da IG.
De 28 a 31 de maio, Françoise participou em Gramado (RS) do Connections Terroirs do Brasil, encontro de produtores e representantes da cadeia de IGs do país.
*A jornalista viajou a convite do Connections Terroirs do Brasil,