Insetos se diferenciam pelo tamanho, ações de defesa e características do mel No universo das abelhas, é comum associá-las somente a mel, ferrões e agressividade. No entanto, os insetos voadores e responsáveis também pela produção de própolis, geleia real, cera, pólen e apitoxina fazem parte de um mundo vasto que inclui espécies com comportamentos e funções diversas.
As abelhas com ferrão são, realmente, as mais conhecidas, mas não únicas. Além do gênero Apis, a criação de abelhas sem ferrão vem se destacando por meio da meliponicultura. Abaixo, a Globo Rural detalha as características desses dois tipos de abelhas e as principais espécies entre as mais de 20 mil catalogadas no mundo. Confira:
Initial plugin text
Abelhas com ferrão
A fama de brava e agressiva das abelhas com ferrão está concentrada na Apis mellifera, também chamada de africanizada, espécie escolhida quando o objetivo é a produção de mel com foco comercial.
Ela vive em colmeias capazes de receber mais de 50 mil indivíduos e pode ser dividida em outros tipos, como Apis mellifera carnica, Apis mellifera caucasica, Apis mellifera scutellata, Apis mellifera mellifera, etc.
No Brasil, a criação de abelhas com ferrão teve início a partir da iniciativa do padre Antônio Carneiro, que importou 100 colônias de Apis mellifera de Portugal para instalá-las no Rio de Janeiro.
Nos anos seguintes, a mesma espécie criada no Sudeste foi introduzida no Sul por imigrantes alemães e italianos, mas com a finalidade, principalmente, de coletar cera. A produção de mel aumentou apenas a partir de 1960, após a introdução da abelha apis mellifera scutellata, originária da África, pelo pesquisador Estevan Warrick Kerr.
Além da Apis mellifera, outra abelha com ferrão espalhada pelo território brasileiro é a mamangava. Segundo Armindo Vieira Júnior, professor, apicultor, gestor de sistemas de produção apícola e fundador da Escola de Apicultura e da Cia da Abelha, uma das principais características é o porte avantajado.
Initial plugin text
“Elas são abelhas robustas e desempenham papel fundamental na polinização de culturas como o tomate e o maracujá”.
Em termos de popularidade, a principal representante das mamangavas é a xylocopa, conhecida como carpinteira. Ela não produz mel e costuma construir ninhos em ramos secos ou madeiras mortas.
Abelha apis é uma variedade com ferrão
Canva/ Creative Commoms
Abelhas sem ferrão
Menores que as abelhas Apis, as abelhas sem ferrão produzem mel em menor quantidade nas colmeias. No entanto, a qualidade do alimento se sobressai – e muito. De acordo com a Associação Brasileira de Estudos das Abelhas (A.B.E.L.H.A), o alimento tem alto valor agregado e pode custar até 10 vezes mais que o mel produzido por abelhas com ferrão no comércio.
“Elas vivem em colônias bem estruturadas, produzem mel e cera, constroem seus ninhos em ocos de árvores ou estruturas protegidas e, principalmente, não possuem ferrão funcional. Isso não significa que são indefesas, mas têm outras formas de se proteger, como mordidas ou substâncias de defesa”, diz Armindo.
Entre os países localizados nas regiões tropicais e subtropicais que servem de habitat para as mais de 500 espécies de abelhas sem ferrão, o Brasil é destaque ao receber quase 50% delas. Veja abaixo as mais conhecidas:
Jataí (Tetragonisca angustula)
Pequena, dócil e muito comum em áreas urbanas, a abelha produz um tipo de mel considerado medicinal e com alto valor agregado. As plantas e cultivos agrícolas que mais costumam polinizar são: abacate, café, cenoura, cupuaçu, goiaba, laranja, manga, melancia, morango, pepino e tangerina.
Uruçu (Melipona scutellaris)
Também chamada de uruçu-verdadeira, é a maior em tamanho entre as espécies sem ferrão e vive em colônias organizadas capazes de produzir até dois litros de mel por safra. Abacate, cajá, goiaba, pimentão, tangerina e urucum são as plantas preferidas para a polinização.
+ Aprenda como criar abelha sem ferrão
Mandaçaia (Melipona quadrifasciata)
A abelha distribuída geograficamente por Estados do Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste está entre as preferidas dos meliponicultores e se destaca pelo comportamento calmo, boa produção de mel e capacidade de adaptação a diferentes ambientes.
Saiba-mais taboola
Jandaíra (Melipona subnitida)
Endêmica da região Nordeste, a abelha costuma polinizar em plantas como abacate, goiaba, girassol, pimentão e urucum e é considerada ideal para criação em espaços pequenos, porque a colônia costuma ter entre 200 a 1,2 mil operárias, informa o Atlas da Meliponicultura no Brasil, da A.B.E.L.H.A.
Tiúba (Melipona fasciculata)
Abelha sem ferrão que vive em colônia e produz mel, a tiúba procura néctar e pólen em flores de plantas como açaí, berinjela, cajá, pimenta, pimentão, mandioca, tomate e urucum no Mato Grosso, Pará, Tocantins, Maranhão e Piauí.
Canudo (Scaptotrigona bipunctata)
A abelha de porte médio é conhecida pela produção de mel e própolis com ação medicinal, característica que fez a criação no Brasil crescer nos últimos anos. Em um estudo recente, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Amazônia Oriental) comprovou que o própolis, por exemplo, acelera a cicatrização de feridas e reduz a inflamação.
Uruçu-amarela (Melipona rufiventris)
A espécie muito comum e valorizada na meliponicultura poliniza, principalmente, em flores de abóbora e pode ser encontrada em colônias com até cinco mil abelhas nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste.