
Na natureza, a seringueira produz látex como mecanismo de defesa contra ferimentos, insetos e microrganismos A seringueira, conhecida cientificamente como Hevea brasiliensis, é uma árvore típica da região amazônica e tem um papel fundamental na produção de borracha natural. O que pouca gente sabe é que o látex tem uma função importante na natureza, e sua produção depende de diversos fatores.
Leia mais:
Preço da borracha tem maior alta em cinco anos no mercado interno
Mulheres seringueiras promovem revolução na produção de borracha na Amazônia
Onde tem silvicultura no Brasil? Veja os maiores produtores
Onde tem seringueira no Brasil?
A seringueira é uma árvore nativa da floresta amazônica, ocorrendo naturalmente em estados como Acre, Amazonas, Rondônia e Pará. Em entrevista à Globo Rural, Paulo explica que a árvore pode atingir até 45 metros de altura e apresentar tronco de até 90 centímetros de diâmetro, geralmente com a base mais larga. A casca é fina, dura e quebradiça, e o látex — branco ou creme — é abundante.
Já as folhas são compostas por três folíolos, com pequenas glândulas visíveis na ponta do pecíolo. Já os frutos, do tipo tricoca, se abrem com força, lançando as sementes pela mata.
Desde que o gênero Hevea foi descrito pela primeira vez pelo naturalista Fusée Aublet, em 1775, muitos pesquisadores vêm se dedicando a compreender melhor essas árvores típicas da Amazônia. Atualmente, esse trabalho continua por meio de pesquisas voltadas à origem e à classificação das espécies, conduzidas pelo Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Evolução do Museu Paraense Emílio Goeldi, em parceria com o Instituto Tecnológico Vale (ITV). O projeto é coordenado pelo Dr. Santelmo Vasconcelos e conta com a participação do pesquisador Paulo Souza.
O que é o látex da seringueira e por que ele é produzido
De acordo com o pesquisador, o látex é produzido por estruturas internas chamadas laticíferos e atua como uma forma de defesa da planta contra ferimentos e microrganismos.
Segundo Souza, o látex é uma emulsão complexa formada por óleos, resinas, ceras, borracha e outros metabólitos secundários da planta, como mucilagem, carboidratos, ácidos orgânicos, íons minerais, enzimas e alcaloides. Essa substância é liberada quando a árvore sofre algum tipo de injúria — como cortes, mordidas de insetos ou queda de folhas — funcionando como um mecanismo de proteção contra agressões externas.
Qual o lucro de 1 hectare de seringueira?
O lucro por hectare de seringueira no Brasil varia conforme a região, práticas de manejo e condições de mercado. Em São Paulo, por exemplo, o Instituto Agronômico (IAC) desenvolveu clones de seringueira que permitem a produção de látex em menor tempo, com produtividade superior a 2.000 kg por hectare, o que representa um aumento de 40% em relação ao clone mais utilizado anteriormente, o RRIM 600.
O Instituto de Economia Agrícola (IEA) estima que, com manejo adequado, a rentabilidade anual por hectare de seringueira pode variar de R$ 5.500 a R$ 7.000. Esses valores são influenciados por fatores como custo de implantação, que pode chegar a R$ 17.483,29 por hectare no primeiro ano, e o preço médio do coágulo de borracha, que foi de R$ 2,94/kg na safra de 2016/17.
Quanto tempo vive uma seringueira?
Paulo explica que a extração do látex só é indicada a partir do quinto ano e meio ou sexto ano de vida da planta, quando o tronco atinge uma espessura adequada para a sangria sem comprometer o crescimento. A partir dessa fase, uma seringueira pode continuar sendo produtiva por até 30 anos, dependendo das condições de manejo. “Esse é o tempo médio de vida útil em cultivos comerciais. Após isso, muitas vezes a árvore é destinada ao aproveitamento da madeira”, explica.
Pode comer seringueira?
Embora o látex não seja comestível — por conter substâncias de defesa que podem ser tóxicas ao organismo humano —, algumas partes da árvore têm usos alimentares em contextos específicos. As sementes da seringueira são consumidas por animais como cutias, tartarugas e tracajás, e também por algumas comunidades indígenas, que as cozinham antes do consumo.
Initial plugin text
Preservação seringueira
O gênero Hevea inclui cerca de 11 espécies, mas é a Hevea brasiliensis que domina os cultivos comerciais. Paulo Souza ressalta, no entanto, que a introdução de novas cultivares em áreas de floresta pode gerar cruzamentos com espécies nativas e ameaçar a diversidade genética do grupo. “Esses híbridos podem comprometer a adaptação das plantas às condições ambientais da Amazônia, por isso é fundamental manter a conservação das populações naturais”, alerta.
A seringueira, conhecida cientificamente como Hevea brasiliensis, é uma árvore típica da região amazônica e tem um papel fundamental na produção de borracha natural. O que pouca gente sabe é que o látex tem uma função importante na natureza — e que a árvore oferece muito mais do que borracha. Com usos que vão da indústria de tintas à medicina regenerativa, a seringueira ainda representa uma importante oportunidade econômica para agricultores e comunidades da floresta.