
Analista acredita que Irã estaria disposto a negociar um acordo para o fim do conflito contra Israel Contrariando a lógica do mercado de commodities, os preços de milho e trigo caíram na bolsa de Chicago, a despeito da continuidade do conflito entre Israel e Irã. O destaque na sessão foi o milho. Os contratos para julho fecharam em queda de 2,19% nesta segunda-feira (16/6), para US$ 4,3475 o bushel.
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Na visão de Ronaldo Fernandes, analista da Royal Rural, as indicações de que o Irã estaria pedindo ajuda a aliados como o Catar e a Arábia Saudita para iniciar negociações sobre um cessar-fogo tranquilizou o mercado, após a disparada nos preços registrada na última sexta-feira.
“Grande parte do risco em torno desse conflito foi precificado pelo mercado, como a chance de impacto na produção e no fornecimento do petróleo, já que havia preocupação com as questões logísticas pelo Estreito de Ormuz, por onde é escoado 30% da produção mundial de petróleo”, afirma Fernandes.
De forma indireta, o cenário geopolítico pode trazer consequências para a demanda por milho produzido no Brasil, já que o Irã é o maior comprador do milho nacional.
“O Irã vai continuar dependendo do milho brasileiro, mas uma coisa é ter necessidade e outra é conseguir comprar o produto. Como muitas estruturas portuárias foram danificadas, grande parte das 4 milhões de toneladas que foram compradas no ano passado será colocada em risco agora em 2025”, observa.
Apesar da indicação de que o Irã estaria disposto a negociar uma trégua no conflito militar, o analista da Royal Rural não acredita que Israel tenha a mesma vontade no momento. Dessa forma, novos acontecimentos podem trazer ainda mais volatilidade para as negociações em Chicago.
Trigo
O trigo também fechou com preços em queda. Os contratos para julho cederam 1,33%, a US$ 5,3650 o bushel.
Soja
O preço da soja terminou a sessão em Chicago com preços estáveis, mesmo com o clima de incerteza gerado pelo conflito no Oriente Médio. Os contratos para julho terminaram a sessão cotados a US$ 10,6975 o bushel.
Para Ronaldo Fernandes, analista da Royal Rural, como o conflito não trouxe impacto para as negociações do petróleo no cenário externo, a soja passa a olhar para as questões relacionadas com a demanda nos EUA.
“A EPA [Agência Ambiental dos Estados Unidos] sugeriu que a demanda por biocombustíveis poderá mais que dobrar, e isso vai exigir uma oferta muito grande de óleo de soja, que neste momento o país não tem. O mercado olha para esse fator no momento e ainda para os acordos comerciais entre EUA e China”, diz Fernandes.