Destaque da sessão foi o trigo, que registrou alta de mais de 3%; alta do petróleo motivou elevação na soja e milho As tensões geopolíticas no Oriente Médio abalaram o mercado do petróleo, e, de quebra, trouxeram impacto para os preços dos grãos na bolsa de Chicago. A escalada de 6% nos preços do óleo de soja – após o avanço de 7% do fóssil – puxou a alta do grão. Os contratos para julho fecharam em alta de 2,64% nesta sexta-feira (13/6), cotados a US$ 10,6975 o bushel.
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Leonardo Martini, consultor em gerenciamento de risco da StoneX, disse que o conflito armado entre Israel e Irã trouxe uma nova dinâmica para os preços, que vinham até então com viés neutro/baixista na bolsa.
“Os EUA começaram o plantio muito bem, e tudo vinha dando certo, até o mercado olhar para o início do conflito. Ele [o mercado] sempre precifica o pior para depois entender o que pode acontecer, como a resolução ou até escalada dos ataques militares. Essa me parece ser uma oportunidade para quem ainda não vendeu [soja]”, afirma Martini.
Além das questões geopolíticas, a soja ganhou fôlego com indicações de que a demanda nos EUA pode crescer nos próximos anos.
A Agência Ambiental dos Estados Unidos (EPA, na sigla em inglês) definiu nova proposta de mistura obrigatória de biocombustíveis no país. A agência elevou para 24,02 bilhões de galões o uso em 2026 e 24,46 bilhões em 2027, acima dos 22,33 bilhões projetados para 2025.
“Donald Trump quer oferecer cada vez mais subsídios para os produtores de biocombustíveis nos EUA. E não apenas isso, ele quer ainda reduzir ao máximo a importação de óleo vegetal. Atualmente, 45% da produção de biocombustíveis tem como matéria-prima óleo de fora dos Estados Unidos”, pontua o analista da StoneX.
Trigo
O desdobramento do conflito no Oriente Médio também impactou as negociações do trigo em Chicago. Os contratos para julho fecharam em alta de 3,28%, a US$ 5,4375 o bushel.
De acordo com Luiz Pacheco, analista da T&F Consultoria Agroeconômica, o conflito armado impacta o mercado, já que envolve uma região muito dependente de trigo.
“O Oriente Médio é um grande importador de trigo, que busca o cereal para atender o consumo de pão em muitos países árabes. Com este novo conflito, muitos países da região buscam antecipar as compras do produto, buscando se proteger de eventuais problemas de escoamento causados pela guerra ou ainda de medidas retaliatórias em virtude dos ataques militares”, observa Pacheco.
Ainda de acordo com ele, os fatores geopolíticos seriviram como trampolim para investidores desmontarem posições vendidas na bolsa, com as cotações em uma tendência de baixa pelo início da colheita de trigo no Hemisfério Norte.
Milho
O preço do milho “pegou carona” nas altas do trigo e da soja e avançou em Chicago. Os lotes para julho tiveram valorização de 1,37%, a US$ 4,4450 o bushel.
Leonardo Martini, da StoneX, lembrou que em momentos de alta para o petróleo, a gasolina tende a ficar mais cara nos EUA, fato que aumenta a demanda por etanol no país. Os americanos têm como principal matéria-prima para a produção do biocombustível o milho, por isso o movimento do petróleo respinga no cereal.
A despeito desse cenário, Martini vê um impacto limitado dos fatores geopolíticos para o milho, que poderia ter subido ainda mais na bolsa não fosse “a expectativa de uma safra gigantesca nos EUA”.