Companhia cita a entrada de sua acionista Salic no capital da Marfrig, caso a fusão seja aprovada O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) acatou nesta quinta-feira 12/6) uma solicitação da Minerva para ser “terceira interessada” no processo que analisa a fusão entre os frigoríficos Marfrig e BRF. Na prática, a Minerva recorreu à autarquia por ver riscos concorrenciais na operação.
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A Minerva também cita a entrada de sua acionista Saudi Agricultural and Livestock Investment Company (Salic) no capital da Marfrig, caso a fusão com a BRF seja aprovada.
A manifestação da Minerva foi protocolada no Cade nesta quarta-feira (11/6) e aceita nesta quinta-feira pelo presidente da autarquia, Alexandre Cordeiro Macedo. A partir de então, o processo será analisado de maneira mais aprofundada.
Macedo afirmou na decisão que a “peticionante (Minerva) demonstrou, de forma satisfatória, ser agente econômico diretamente afetado pela operação (fusão), tendo sido reconhecida inclusive pelas próprias notificantes (Marfrig e BRF) como concorrente relevante nos mercados afetados”.
Na visão do Cade, a Minerva apresentou argumentos que sustentam seu legítimo interesse jurídico e econômico na operação, à medida que atua como concorrente direta da Marfrig no mercado de carne bovina in natura, bem como fornecedora de carne para BRF.
“A Minerva ainda destaca riscos concorrenciais decorrentes da operação, especialmente a possibilidade de efeitos unilaterais e coordenados resultantes da presença simultânea da Salic no capital da própria Minerva e da Marfrig, o que poderá comprometer a rivalidade no setor e permitir alinhamento estratégico indevido entre concorrentes”, afirmou o presidente do Cade.
Há, de acordo com o documento, a necessidade de se analisar o mercado de processados de carne em geral com maior acurácia, bem como da necessidade de se compreender os efeitos da ampliação do poder de compra no mercado de processados de carne para o segmento foodservice e do poder de portfólio.
“Fica, ainda, concedido o prazo de 15 dias, contados da publicação deste despacho, para eventual interposição de recurso administrativo ao Tribunal do Cade”, acrescentou Macedo no documento.
Na semana passada, a área técnica do Cade sugeriu a aprovação sem restrições da operação de fusão entre Marfrig e BRF. A contar do dia 3 de junho, iniciou-se um prazo de 15 dias para eventuais contestações ao órgão antitruste, e, caso não houvesse questionamento, a união entre as empresas seria considerada aprovada de maneira definitiva.
O posicionamento da Minerva foi feito dentro deste prazo legal e não representa o fim do processo de análise da fusão.
Procuradas pela reportagem, a Minerva, Marfrig e BRF não comentaram.