Se não houver questionamentos dos conselheiros em 15 dias, operação será aprovada em definitivo A área técnica do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sugeriu a aprovação sem restrições da operação de fusão entre Marfrig e BRF. Se nos próximos 15 dias a aprovação não for questionada por algum dos conselheiros do órgão antitruste, a união entre as empresas será considerada aprovada de maneira definitiva.
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A operação prevê a incorporação das ações da BRF pela Marfrig em uma relação de troca de 0,8521 ação da Marfrig para cada papel da BRF. Nos últimos anos, a Marfrig comprou ações da BRF até assumir o controle da empresa, que é dona das marcas Sadia e Perdigão. No parecer, superintendência geral indica que a Marfrig já é atualmente titular de 50,49% das ações da BRF. Com isso, a operação não implicará em transferência de controle.
A aprovação consta em parecer da Superintendência Geral do Cade que integra o processo. Muitas informações do parecer são sigilosas, como o número de produtos, entre eles hambúrgueres, quibes e almôndegas, as empresas comercializam.
A área técnica do órgão antitruste concluiu que a participação conjunta das duas companhias nos mercados com sobreposição horizontal (em um mesmo segmento) fica abaixo de 20% (filtro a partir do qual se presume posição dominante e possibilidade de exercício de poder de mercado), ou acima de 20%, mas abaixo de 50%. Para o Cade, isso indica ausência de nexo de causalidade entre a possibilidade de um eventual exercício de poder de mercado pelo comprador e a operação.
Já em cadeia (mercados verticalmente integrados) a concentração fica abaixo de 30% (filtro para capacidade de fechamento de mercado). Assim, a área técnica do Cade chegou à conclusão de que a operação não tem a possibilidade de levar a prejuízos no ambiente concorrencial.
As gigantes de carnes Marfrig e BRF anunciaram no dia 15 de maio a fusão das duas empresas, dando origem à MBRF Global Foods Company. A nova empresa terá receita de R$ 152 bilhões e será uma das maiores do setor de alimentos no mundo, com presença em 117 países e produção de 8 milhões de toneladas de produtos por ano, aproximadamente.
O grupo terá 130 mil empregados no mundo e marcas como Qualy, Banvit e Bassi, além de Sadia e Perdigão, antes duas empresas separadas, que se fundiram para criar a BRF. Do volume de vendas da nova companhia, uma fatia de 38% é de processados, 34% de aves e suínos e 29% de bovinos. Do faturamento líquido da MBRF, o mercado americano responde por 43%, o Brasil, por 24%, a Ásia, por 20%, e outros mercado, por 13%.
A BRF vem se preparando para a fusão há três anos, desde que a Marfrig assumiu o controle da companhia de aves e suínos. Após a virada nos resultados da BRF para o azul, as duas já vinham trabalhando com sinergias comerciais, por exemplo.
As sinergias comerciais e logísticas já mapeadas pelas empresas somam R$ 805 milhões por ano, sendo entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões previstos para os primeiros 12 meses e o restante no médio e longo prazo. Na frente de receitas e custos, a expectativa é atingir R$ 485 milhões por ano em sinergias.
A expectativa é de redução de despesas na ordem de R$ 320 milhões anuais, com iniciativas como a unificação de estrutura comercial e logística, consolidação de um sistema operacional único e otimização da estrutura corporativa. A companhia também espera uma otimização fiscal da ordem de R$ 3 bilhões. Entre as empresas havia expectativa de aprovação pelo Cade, tendo em vista que a BRF já era subsidiária da Marfrig.