
Regulamentado pelo Ministério da Agricultura desde 2013, insumo atingiu seus maiores volumes de venda no país durante a pandemia Embora o pó de rocha tenha seu uso regulamentado pelo Ministério da Agricultura desde 2013, foi a partir de 2019 que o insumo, reconhecido tecnicamente como um remineralizador de solo, atingiu seus maiores volumes de venda no país.
De acordo com a Associação Brasileira de Produtores de Remineralizadores de Solo e Fertilizantes Naturais (Abrefen), o volume comercializado passou de 900 mil toneladas para três milhões de toneladas três anos depois, em 2022.
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A demanda crescente coincidiu com a forte alta nos preços dos fertilizantes durante a pandemia de Covid-19. Diante da crise de abastecimento, o pó de rocha surgiu como principal alternativa aos fertilizantes químicos e, em muitos casos, decepcionou produtores acostumados com a reposta rápida dos fertilizantes convencionais.
“A pandemia foi muito ruim, porque gerou uma adoção apressada, meio de desespero, e houve muitas situações em que não funcionou”, recorda o presidente do Grupo Associado de Agricultura Sustentável (Gaas), Eduardo Martins.
Como resultado, as vendas de remineralizadores em 2023 caíram pela metade, alcançando 1,5 milhão de toneladas. O resultado pode ser atribuído tanto à queda nos preços dos fertilizantes quanto aos efeitos da pandemia sobre o mercado.
“A gente preferia que esse processo continuasse evoluindo de uma forma gradativa e mais consistente porque, se você não faz o manejo integrado da fertilidade, você não vai ter os resultados que você está buscando com os remineralizadores”, afirma Martins.
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Passada a crise, a previsão da Abrefen é de que as vendas de remineralizadores alcancem dois milhões de toneladas este ano, com aumento de 75 para 100 o total de produtos registrados no Ministério da Agricultura, seguindo as metas estabelecidas pelo Plano Nacional de Fertilizantes.
De acordo com o presidente da Associação, Frederico Bernardez, o principal uso do pó de rocha no Brasil atualmente tem sido como complemento ou como substituição parcial de fertilizantes convencionais em sistemas de agricultura orgânica ou regenerativa.
“Um solo estruturado, um solo biologicamente ativo, potencializa o efeito dos remineralizadores”, destaca Bernardez.
Dentre as principais apostas do setor, está o uso do pó de rocha para sequestro de carbono. Segundo estimativa da Embrapra, cada tonelada aplicada pode gerar o sequestro de até 300 quilos de carbono equivalente da atmosfera. O processo ocorre a partir das reações químicas formadas durante liberação dos nutrientes disponíveis no pó de rocha. “Essas ligações com outros elementos químicos do solo precisam de carbono para estabilizar”, explica Bernardez.
Segundo ele, duas startups, uma oriunda da Alemanha e outra dos Estados Unidos, estão investindo no uso de remineralizadores para sequestrar carbono no Brasil. “O Brasil é o melhor ambiente para isso, porque já tem um ambiente legal formado para a utilização desses insumos e está inserido num ambiente tropical, onde o intemperismo acontece de forma muito mais acelerada”, destaca o executivo.
O que é o pó de rocha?
O pó de rocha é um coproduto gerado pela mineração de rochas silicáticas, com alto teor de silício. A depender da sua origem, essas rochas podem conter minerais essenciais para a recuperação da saúde do solo.
Em quais casos o pó de rocha é recomendado?
O pó de rocha é uma opção para produtores que buscam aumentar a eficiência dos fertilizantes convencionais ou realizar a transição da sua produção para sistemas orgânicos ou regenerativos. Sozinho, o produto não trará os resultados esperados.
O pó de rocha substitui o fertilizante?
Ao contrário dos fertilizantes tradicionais, os nutrientes presentes no pó de rocha não são disponibilizados imediatamente para as plantas. Nesse caso, o processo ocorre de forma gradual, a partir da interação do pó de rocha com a natureza. Quanto maior o teor de matéria orgânica no solo, mais rápido é este processo, que pode resultar ou não na substituição total do fertilizante químico.
Como usar o pó de rocha?
O pó de rocha deve ser aplicado diretamente no solo, sem necessidade de diluição em água. Não há contraindicações em relação à quantidade. Por ter liberação lenta e padrões mínimos de qualidade, ele não causa problemas como acidificação ou contaminação do solo. Mas atenção: isso só é válido para produtos registrados no Ministério da Agricultura, alerta a Abrefen.
Todo pó de rocha é igual?
Não. A propriedade nutricional de cada pó de rocha depende da sua origem. Nesse sentido, o presidente da Abrefen, Frederico Bernardez, explica que “todo remineralizador é um pó de rocha, mas nem todo pó de rocha é um mineralizador”. No Brasil, o Ministério da Agricultura estabelece parâmetros mínimos de qualidade e segurança para que um pó de rocha seja registado como insumo agropecuário.