
Organização Internacional reconheceu o país como livre da doença sem a necessidade de vacinação, O Brasil está livre de febre aftosa sem a necessidade de vacinação. Em sua assembleia anual, a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) reconheceu internacionalmente para todo o país um status sanitário antes restrito ao Estado de Santa Catarina. Não há registros de ocorrência da doença no território nacional desde 2006. O que significa estar nessa nova condição?
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O reconhecimento, por um lado, aumenta a relevância do sistema de defesa animal do Brasil perante os mercados mundiais, já que abre a possibilidade de acesso do produto brasileiro a destinos com protocolos mais rigorosos. De outro, demanda reforço nas medidas sanitárias para reduzir riscos de contágio do rebanho nacional, além de um trabalho diplomático com potenciais parceiros comerciais.
Representantes do Ministério da Agricultura explicam que o novo status sanitário não significa uma mudança ou abertura automática. O trabalho deve ser país a país para adequar as normas à nova condição. Entre os mercados na mira da indústria brasileira de carne bovina, estão o Japão e a Coreia do Sul, reconhecidos entre os mais exigentes do mundo.
“Estamos utilizando essa conquista como um ativo estratégico em negociações com mercados altamente exigentes, como o Japão”, disse, recentemente, o presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), Roberto Perosa, em entrevista recente.
Ele afirmou que países como Indonésia já manifestaram interesse. Lembrou, no entanto, que a certificação da OMSA representa apenas a eliminação de uma barreira técnica que, durante anos, impediu o Brasil de negociar com alguns países.
Atualmente, a China é o principal comprador da carne bovina brasileira, um mercado que exige algumas condições de seus fornecedores. O produto deve ser de bois abatidos com menos de 30 meses de idade, com até quatro dentes incisivos e que não apresentem sinais de doenças como febre aftosa, tuberculose, brucelose e mal da “vaca louca”. É o chamado “boi China”.
Depois dos chineses, aparecem entre os principais destinos os Estados Unidos, México, Hong Kong, Chile, Egito, Rússia, União Europeia, Filipinas e Arábia Saudita.
O que é febre aftosa?
A febre aftosa é uma doença infecciosa aguda, causada por vírus da família picornaviridae, gênero aphthovirus. É uma das doenças infecciosas mais contagiosas dos animais, podendo acometer rapidamente criações inteiras. Ela ataca bovinos, bubalinos, caprinos, ovinos e suínos.
Quais são os sintomas da febre aftosa?
Nos bovinos, o principal sinal é a presença de vesículas (bolhas, úlceras ou cicatrizes) nas mucosas nasal e oral (gengivas, pulvino dental, palato e língua), focinho, banda coronária, espaço interdigital e glândula mamária. No entanto, há outros sintomas:
Febre alta;
Perda de peso;
Enfraquecimento;
Sialorreia (excesso de saliva);
Descarga nasal;
Claudicação (corpo inclinado para um lado);
Prostração (cansaço);
Diminuição na produção de leite;
Malformações do casco;
Mastite.
Como se transmite a febre aftosa?
O vírus está presente em grande quantidade no fluido das vesículas e também na saliva, no leite e nas fezes dos animais afetados. Os animais adquirem o vírus por contato direto com outros animais infectados, ou por contato com alimentos e objetos contaminados.
Dessa forma, a doença é transmitida pela movimentação de animais, pessoas e veículos, como, por exemplo, caminhões e carretas. Os recintos de leilões, feiras e currais se receberam animais infectados também são perigosas fontes de contaminação, assim como os calçados, as roupas e as mãos das pessoas que manusearam animais doentes.
Febre aftosa tem cura?
A febre aftosa não possui cura ou tratamento imediato. Ela dura normalmente de 2 a 3 semanas, com a recuperação natural do animal. O que ocorre é o controle das áreas ou animais infectados, podendo ser necessário o sacrifício para evitar e bloquear a transmissão.
Como controlar?
Os pecuaristas devem ter muito cuidado ao adquirir animais e ao movimentar seu rebanho, incluindo a participação dos animais em eventos de concentração (leilões, exposições, rodeios, entre outros). Em regiões de produção onde ainda é obrigatória, a vacinação é a principal aliada na prevenção da doença.