
Para duplicar faturamento em cinco anos, empresa quer equilibrar fontes de receita entre produtores individuais e grandes projetos comerciais Com perspectivas mais animadoras do que em 2024, a GSI, que atua nos segmentos de armazenagem e infraestrutura para suinocultura e avicultura, projeta que a agroindústria brasileira viverá uma retomada neste ano. “Apesar da pressão dos juros, há sinais claros de ânimo no campo. A supersafra e margens um pouco melhores estimularam o produtor a investir, inclusive com recursos próprios”, avalia Ricardo Marozzin, presidente da GSI na América do Sul.
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Este será o primeiro ano completo da empresa como integrante do portfólio da gestora American Industrial Partners (AIP), que, em 2024, comprou a GSI, então parte do grupo AGCO, de máquinas e equipamentos agrícolas. O acordo foi de US$ 700 milhões.
“Antes éramos uma divisão pequena em um grande conglomerado. Agora, temos um investidor alinhado com nossos objetivos e pronto para investir no ciclo positivo do agro sul-americano”, disse Marozzin ao Valor.
A companhia quer, em cinco anos, dobrar o faturamento que registrou em 2023, quando a receita foi de US$ 200 milhões. Marozzin reitera a meta a despeito do quadro problemático de 2024, ano em que produtores diminuíram investimentos, o que fez a receita da empresa “cair um pouco”.
Para crescer nos próximos anos, a companhia tem uma estratégia que se sustenta em dois pilares: armazenagem de grãos para toda a agroindústria e soluções completas para granjas de aves e suínos. Historicamente, a atuação da GSI tem se concentrado na armazenagem dentro das fazendas, que responde, hoje, por 80% do faturamento. A empresa quer equilibrar as fontes de receita entre produtores individuais e grandes projetos comerciais — o objetivo de médio prazo é que cada uma dessas frentes responda por 50% das vendas.
Para isso, a empresa tem trabalhado mais de perto com cerealistas, cooperativas, usinas de biocombustível e grandes projetos de armazenagem. “Captamos bons projetos recentemente e temos know-how global para atender demandas mais complexas. A experiência internacional da GSI nos dá fôlego técnico e logístico para crescer nesse segmento”, afirma.
A empresa reconhece que, no passado, tropeçou ao tentar importar soluções americanas, pouco afeitas ao agro tropical. “Reorganizamos o portfólio para atender melhor as condições brasileiras. Agora temos produtos mais assertivos, tanto em aspectos técnicos quanto em termos de custo”, diz Marozzin.
Além do Brasil, a empresa quer ampliar suas operações em outros mercados da América do Sul. “A armazenagem argentina, por exemplo, é melhor que a brasileira em capacidade estática, mas muito antiga. E há expansão agrícola no Paraguai. Vemos boas oportunidades”, acrescenta.
Na cadeia de proteína animal, a GSI é conhecida por oferecer “soluções completas” — da construção de galpões a automação, ventilação e monitoramento remoto — para suinocultura e avicultura. O caso recente de gripe aviária no Brasil não deve frear os planos da empresa. “O Brasil está à frente do mundo em termos sanitários. A regionalização da produção vai nos fortalecer ainda mais”, afirma.
Marozzin calcula que 25% a 30% da base instalada de granjas precisa de modernização, o que representa grande potencial para a GSI. “Temos alto nível tecnológico [no país], mas é preciso renovar. O crescimento da adesão à tecnologia é uma necessidade, não uma resposta à gripe”, afirma ele.
A empresa tem duas fábricas no Brasil, ambas no Rio Grande do Sul — em Passo Fundo e Marau —, e outras 12 unidades ao redor do mundo. O portfólio inclui marcas como AP, Cumberland, Tecno, C-Lines, Agromarau e Cimbra. Em 2023, quando ainda fazia parte da AGCO, a GSI faturou US$ 1 bilhão no mercado global.
Já a nova controladora, a AIP, é sócia de 45 empresas e administra mais de US$ 16 bilhões em ativos. A gestora, que há anos considerava entrar no agronegócio, tinha interesse pela GSI desde 2003.