Projeto foi revisto diante dos riscos sanitários com foco da gripe aviária no país A construção de até 64 galinheiros comunitários em terras indígenas do Paraná, fruto de uma parceria da Itaipu Binacional com a Fundação Luterana de Diaconia/Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (FLD/Capa), está suspensa. A decisão foi confirmada pela Itaipu Binacional, na tarde desta terça-feira (27/5), por meio de nota.
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“Diante dos riscos sanitários que a atividade de criação de galinhas pode oferecer na atual conjuntura, a equipe gestora do projeto suspendeu a construção de galinheiros e quaisquer atividades relacionadas”, afirma o texto.
A Itaipu Binacional reforça que o convênio é voltado ao desenvolvimento do Projeto Opaná, que visa contribuir para a sustentabilidade ambiental e a segurança alimentar de comunidades indígenas do Paraná e destaca que a criação de galinhas prevista no projeto era voltada à subsistência das comunidades. Apesar da suspensão, a empresa ressalta “a estrita observância, por parte da Binacional e das conveniadas, das normas vigentes e das melhores práticas aplicáveis à matéria, visando garantir a segurança sanitária e a saúde pública, em colaboração com as autoridades competentes”.
Na nota, a Itaipu também informa que as demais ações do projeto voltado às comunidades indígenas continuarão acontecendo, com foco na segurança alimentar, enfrentamento à fome e educação antirracista. “Sobre a possibilidade de futuramente se retomar o apoio na produção de aves para subsistência, ainda será avaliada”, completa o texto.
O projeto previa que as unidades de produção comunitária abrigariam 100 aves cada uma. A Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) afirmou à Globo Rural, no mês de abril, que estava acompanhando a iniciativa, com cadastramento dos animais e monitoramento das áreas a fim de garantir a biosseguridade.
Riscos
A Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) se manifestou sobre a suspensão, lembrando que a decisão vai ao encontro do posicionamento da entidade. No início de março, a federação fez um alerta para os riscos sanitários que essas instalações poderiam proporcionar à atividade avícola.
Na ocasião, a entidade ressaltou o risco de disseminação de doenças como a gripe aviária a partir dessas unidades comunitárias, sob o risco de comprometer a cadeia avícola estadual. A Faep lembra que o Paraná é o maior produtor e exportador de carne de aves do Brasil, atividade que movimenta mais de R$ 40 bilhões por ano.
“A vigilância do Sistema Faep e dos sindicatos rurais foi fundamental para que as autoridades pudessem tomar a dimensão desse problema. A avicultura paranaense é uma potência e a suspensão dos galinheiros comunitários é fundamental no sentido de não enfraquecer nossa defesa agropecuária e manter nossa sanidade em dia. Ganham todos os paranaenses com essa medida”, destaca o presidente interino do Sistema Faep, Ágide Eduardo Meneguette.
Em ofício encaminhado aos órgãos estaduais em março deste ano, a Faep cobrou providências “imediatas e contundentes” em relação à instalação dos galinheiros. Posteriormente, Itaipu, Adapar e Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná alinharam a adoção de um protocolo sanitário nas instalações, a fim de garantir proteção à produção comercial paranaense de eventuais riscos.