
Três anos após a união entre Embaré e Betânia, que a originou, companhia investe para ampliar suas operações em iogurtes e queijos Passados três anos e meio da fusão ente Embaré e Betânia, que deu origem à companhia, a Alvoar Lácteos, líder no segmento na região Nordeste, entra em uma nova fase: a de expansão. “A gente passou muito tempo olhando para dentro, melhorando os processos, ganhando sinergias. Agora, estamos na condição de expandir”, diz Bruno Girão, CEO da Alvoar.
Leia mais
Obras da usina de trigo da Be8 evoluem com contratação de sistema de armazenagem
CTC propõe distribuição de 35% do lucro líquido aos acionistas
Marfrig e BRF pedem aprovação de fusão ao Cade
A empresa acaba de investir R$ 30 milhões na modernização e expansão da capacidade de produção de iogurtes em sua planta de Morada Nova (CE), a cerca de 170 quilômetros de Fortaleza. No próximo passo, o foco será ampliar a produção de queijo. A companhia ainda avalia qual caminho seguirá nessa frente, se a expansão de suas próprias linhas de produção ou a compra de empresas que já atuam no segmento.
“Estamos muito atentos, olhando ativos de queijo. Temos marca, distribuição, e entendemos que se tivermos uma fábrica de queijo, isso vai acelerar nossa estratégia”, observa.
Segundo Girão, para uma eventual aquisição, a prioridade da Alvoar será buscar unidades próximas às suas plantas atuais, com boa presença no mercado local e capacidade de expansão. “Ainda não encontramos a empresa que faça ‘match’ conosco, mas vez ou outra aparece”, afirma ele.
A aposta da companhia em queijos e iogurtes tem razão de ser. Os dois segmentos estão crescendo em um ritmo bem acima da média da indústria de lácteos, enquanto as vendas de leite UHT e em pó seguem estagnadas no país. Segundo dados da Nielsen, em 2024, as vendas destes últimos dois produtos apresentaram queda de 0,7% e 14% em volume, respectivamente.
Apesar de a Alvoar já possuir uma produção própria de queijos, Girão avalia que a empresa não tem escala para competir, de fato, neste mercado. “Diria que estamos brincando de produzir queijo, não entramos para valer na briga”, relata o executivo.
Balanço equilibrado
Outro ponto positivo para uma aquisição neste momento está na redução do nível de endividamento da companhia. Segundo Girão, o nível de alavancagem da Alvoar caiu de 6 vezes a dívida líquida sobre o Ebitda para 1,7 vez. “Temos condições de fazer uma aquisição relevante sem colocar em risco a saúde da empresa de alguma maneira”, garante Girão.
Atualmente, a venda de queijos representa de 3% a 5% do faturamento da Alvoar, enquanto as de iogurtes giram em torno de 17%. A meta, segundo Girão, é ao menos manter esses patamares, evitando aumentar a dependência da empresa dos segmentos de leite UHT e em pó.
“Comendo” leite
“Temos convicção de que esse negócio é a próxima grande fronteira do Brasil”, afirma o CEO. A avaliação parte da mudança dos hábitos de consumo observadas no setor. Segundo o presidente da Alvoar, é como se o segmento estivesse vivendo um renascimento, com a valorização da proteína láctea. Para Girão, o consumidor não está mais bebendo leite, mas “comendo leite”.
Ainda segundo dados da Nielsen, o consumo de shakes proteicos cresceu 44% em 2024, e a Alvoar, segundo Girão, está “surfando nesta onda”. “Estamos deixando de ser uma empresa normalmente voltada para comprar e repassar o leite ao consumidor e entrando em outras faixas de consumo”, completa o executivo.
*O jornalista viajou a convite da Alvoar