Tradicional etapa da corrida acontece neste domingo (25/5) e valoriza a produção local de laticínios Utilizar bebidas para celebrar a vitória já virou tradição nas corridas de velocidade pelo mundo. Na Fórmula 1, por exemplo, os vencedores de cada etapa da temporada recebem uma garrafa do champagne francês Moët & Chandon para abrir e borrifar quando sobem ao pódio. Já nas 500 milhas de Indianápolis, da Fórmula Indy, a comemoração é singular e lendária: o campeão é premiado com leite.
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Em 2024, na 108ª edição da etapa nos Estados Unidos, Josef Newgarden, da equipe Penske, foi quem faturou o prêmio. E, detalhe, pela segunda vez consecutiva.
Mesmo ultrapassado por Pato O’Ward, da McLaren, na penúltima curva das 200 voltas, o piloto recuperou a liderança pouco antes da linha de chegada e saboreou alguns goles da bebida assim que saiu do carro.
Neste domingo (25/5), a partir das 13h (de Brasília), na 109ª edição, os pilotos voltam às pistas na prova que antecede o Memorial Day, feriado em homenagem aos veteranos de guerra que já morreram. E, no fim das 500 milhas, um deles, além de ganhar 50 pontos no campeonato e premiações em dinheiro, será aguardado com uma garrafa bem gelada de leite.
Por que beber leite depois da corrida?
A tradição que envolve agro e automobilismo até os dias atuais ficou conhecida em 1936, quando Louis Meyer, tricampeão da prova, pediu uma garrafa de leitelho, líquido separado da manteiga no processo de fabricação do produto lácteo. Ele sentou-se em cima do carro que tinha o número 8 estampado e matou a sede após percorrer 500 milhas, distância equivalente a 804,6 quilômetros.
Meyer revelou que leitelho era uma das suas bebidas preferidas porque a mãe lhe dizia que era ideal para refrescar em dias quentes, como aquele da corrida.
Tradição de beber leite nas 500 milhas de Indianápolis começou em 1936
Divulgação/Indycar
Outro detalhe que chamou a atenção na ocasião e ajudou a intensificar a tradição aconteceu três anos antes. Ao vencer as 500 milhas de Indianápolis pela primeira vez, em 1933, ele havia bebido leite para comemorar, detalha uma publicação no site oficial da Indycar.
“Segundo a história, um executivo da indústria de laticínios viu a filmagem e solicitou entusiasticamente que o leite fosse disponibilizado ao vencedor de cada uma das 500 Milhas de Indianápolis subsequentes”, afirma o texto oficial.
O que era apenas um desejo pessoal e despretensioso se transformou em uma marca da corrida, dando início ao ritual conhecido mundialmente que enaltece e valoriza a produção leiteira.
O dia da corrida
O leitelho, bebida escolhida por Louis Meyer em 1936, não é mais opção atualmente. A organização oferece apenas leite ao campeão e questiona os 33 pilotos sobre o tipo preferido: desnatado, 2% ou integral.
A ideia visa deixar a bebida pronta e gelada assim que a bandeira quadriculada é balançada para indicar o fim da corrida.
Segundo a Associação dos Produtores de Leite de Indiana, entidade que patrocina a Indy 500, dois produtores de leite são escolhidos para entregar o “prêmio” durante a comemoração na tradição chamada “Vencedores Bebem Leite”. Nela, o leiteiro novato fica responsável por levar a bebida ao mecânico-chefe e ao dono da equipe vencedora, enquanto o leiteiro veterano é quem entrega a garrafa com leite gelado ao piloto.
Abbie Herr e Ashley Stockwell são as produtoras que vão entregar o leite ao atleta e à equipe que vencerem
Divulgação
Neste ano, Abbie Herr foi a escolhida para oferecer a garrafa ao atleta, enquanto Ashley Stockwell irá levar o leite até os dois integrantes da equipe.
“Sempre digo que tenho leite correndo no sangue, porque adoro laticínios”, celebra Abbie, produtora que cresceu em uma fazenda leiteira de Indiana e trabalha com o marido na criação de vacas.
A participação brasileira na tradição americana
O único brasileiro confirmado em Indianápolis neste ano é Hélio Castroneves, campeão da prova por quatro vezes.
Helio Castroneves em sua 4 vitória nas Indy 500, em 2021
Reprodução / Indycar
Na última vitória, em 2021, o piloto de 50 anos manteve a tradição do leite, mas não 100%. Como o carro era rosa por causa do patrocínio, a equipe decidiu inovar e adicionou um pó comestível da mesma cor do veículo na garrafa, deixando a bebida colorida para chamar ainda mais atenção.
Assim como Castroneves, Emerson Fittipaldi resolveu quebrar o protocolo quando cruzou a linha de chegada em primeiro lugar em 1993. Ao invés do leite, o piloto bebeu suco de laranja, troca que causou polêmica nos Estados Unidos.
Fittipaldi pediu desculpas em seguida e explicou que, para ele, era comum brindar com suco, pois a bebida representava a sua outra profissão.
“Sou um produtor brasileiro e há muitos anos brindo às minhas vitórias com suco de laranja. Nas 500 Milhas de Indianápolis deste ano, bebi o leite depois de tomar um pouco de suco de laranja. Lamento profundamente o mal-entendido e a inconveniência que causei”.
Outro exemplo
Não é apenas a Fórmula Indy que tenta se envolver com o agro. No futebol, o Bryne Fotballklubb, da Noruega, presenteia os atletas com produtos agrícolas após as partidas. O primeiro do elenco foi o goleiro Jan de Boer, que recebeu quatro bandejas de ovos ao ser eleito o melhor em campo na partida de estreia do campeonato nacional.
Bryne
Reprodução/brynefotball
Depois dos ovos, a equipe já ofereceu cordeiro, bandejas de morango, 10 litros de leite e cesta com pães e peixes.
Segundo o Bryne, a ideia é valorizar a agricultura local, dominada pela produção de carne e laticínios.