José Vitor Leme, de 28 anos, conquistou o tricampeonato mundial da PBR há uma semana no Texas e recebeu o maior prêmio da história Há três anos, quando conquistou o bicampeonato mundial na Professional Bull Riders (PBR), o peão de Ribas do Rio Pardo (MS) José Vitor Leme, disse à Globo Rural que tinha uma certeza na vida: iria buscar o tricampeonato, o tetra, o penta…“Minha carreira foi muito rápida, mas eu me esforcei muito e estou colhendo os frutos da minha dedicação e treinamento. Não sei qual o meu limite, vai ser até onde Deus me levar. Mas, com certeza penso em ganhar mais um, mais um e mais um. Quero estar sempre disputando títulos e ficar entre os cinco melhores do mundo.”
Leia também
Peão brasileiro alcança virada histórica e conquista tricampeonato mundial de montaria
Times da PBR selecionam seis novatos do Brasil para campeonato de montaria em touros
No último domingo (18/5), Leme, de 28 anos, conquistou o tricampeonato mundial, vitória que parecia impossível para quem teve uma fratura na mão direita que o tirou das arenas em metade das etapas da temporada e estabeleceu o recorde de ganhos em uma única temporada, com US$ 2,15 milhões, subindo sua premiação total na PBR para US$ 8.316.766 (o equivalente a R$ 46,8 milhões), a maior da história.
Desta vez, diferentemente do atleta tímido de três anos atrás que precisava de tradutores, agradeceu ao público na arena de Fort Worth com um inglês fluente e correto.
No vestiário, ele recebeu os cumprimentos do peão no qual se inspirou, o americano JB Mauney, que foi bicampeão da PBR e era o mais premiado até então, com US$ 7,29 milhões na carreira.
“Você deu um chute na bunda deles. E fico feliz que você seja o caubói de 8 milhões de dólares para que parem de falar essa besteira de mim”, disparou o americano que parou de montar em 2021, se referindo à virada histórica que o brasileiro protagonizou na temporada, saindo do 31º lugar para o título.
José Vitor Leme
Divulgação/PBR
Em junho, Leme estará no Brasil para merecidas férias antes de iniciar a disputa do campeonato mundial de equipes, a Team Series, em julho, pelo Austin Gamblers, que tem como técnico assistente outro tricampeão, o brasileiro Adriano Moraes. Leme, número 1 do Austin, não deve montar, mas será uma das atrações da Festa do Peão de Americana, que terá a participação de peões do seu time.
Histórico
Casado com a brasileira Amanda e pai de Theodoro, Leme mora em uma fazenda em Decatur, no Texas, onde cria touros de montaria e faz seus treinos. Começou a montar com 7 anos de idade. Em 2017, venceu o campeonato da PBR Brasil e foi convidado para disputar as finais da divisão de acesso da liga nos Estados Unidos.
Ganhou três de quatro rodadas, se classificou para as finais do grupo de elite, surpreendeu os favoritos parando os oito segundos nos seis touros que montou, venceu a etapa final e ganhou o prêmio de estreante do ano.
Nos dois anos seguintes, terminou em segundo lugar no Campeonato Mundial. Em 2020 e 2021, não deu chance aos adversários e conquistou com folga o bicampeonato mundial. Na temporada 2021, além do título, estabeleceu seis recordes, entre eles o da montaria de maior pontuação da história (98,75 pontos) e de número de corridas de 90 pontos, com 24.
Lesões seguidas na virilha e nas costelas tiraram suas chances de título individual nas temporadas de 2022, 2023 e 2024, mas, na disputa por equipes, ele ganhou como MVP (Most Valuable Player ou jogador mais valioso) em 2022 e 2023 e conquistou o títulos da Team Series em 2024 com o Austin Gamblers.
Além de Mauney, o tricampeão recebeu os abraços e os parabéns dos compatriotas Moraes e Silvano Alves, já aposentados, únicos peões que já haviam vencido o Mundial três vezes.
“Ele é o maior peão de rodeio de todos os tempos e eu não estou jogando confete”, disse o primeiro tricampeão à assessoria da PBR. Moraes acompanha a liga há mais de 30 anos e disse não ter ficado surpreso com a conquista de Leme.
“Eu sabia que isso ia acontecer. Não sabia quando, mas sabia que ia acontecer. Mas ainda está muito aquém do que José Vitor vai fazer. Recordes são feitos para serem quebrados, mas ele vai estabelecer recordes que serão quase impossíveis de quebrar”.