O presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, e o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, lançaram neste sábado (24/5) o Programa Solo Vivo, para promover a recuperação e a correção de solos degradados em assentamentos de reforma agrária de Mato Grosso. O objetivo, segundo o governo, é aumentar a produtividade e a competitividade da agricultura familiar.
Na cerimônia, no assentamento da reforma agrária Santo Antônio da Fartura, em Campo Verde (MT), Fávaro disse que o programa é “o alicerce de tudo aquilo que tem de ser feito para produzir alimentos, recuperar o solo” e cultivar o que vai “estar na mesa de todos”. O investimento inicial previsto no programa é de R$ 42,8 milhões e o plano é atender até mil famílias de pequenos produtores.
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No evento, que teve a presença do ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, de Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, e do governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União), também houve entrega de 78 títulos de reforma agrária a assentados do Santo Antônio da Fartura e do Assentamento Salete Strozak, em Guiratinga. Houve ainda entrega de máquinas agrícolas para assentados.
Em seu discurso, Fávaro disse que é preciso reconhecer que no Estado, que “é maior produtor de alimentos” do Brasil também há “grandes desigualdades”. “Nem tudo aqui é alegria, nem todos têm o direito de produzir com a mesma qualidade e oportunidade”, afirmou.
E relembrou a sugestão que ouviu do produtor de grãos Eraí Maggi, também presente na cerimônia, quando se tornou ministro. “Não perca a oportunidade de criar um programa para transferir para os pequenos produtores as mesmas tecnologias que os grandes têm, (…) eles sabem produzir, eles têm a vocação”, disse Eraí Maggi, segundo Fávaro. O ministro acrescentou que a criação do programa não teria sido possível sem que o presidente Lula “comprasse a ideia”.
No discurso, o ministro citou ainda a chegada da Embrapa à baixada cuiabana, “para adaptar tecnologia, atender o pequeno produtor, que merece ter a mesma tecnologia do grande”.
Em sua fala, depois de Fávaro, Lula disse que o Solo Vivo vai “melhorar a capacidade produtiva e a qualidade da terra”. “O que essas máquinas vão provar é uma coisa que sei há muito tempo. Que não é que o pequeno agricultor é incompetente e o grande é competente. É que o pequeno produtor não tem a mesma condição de comprar os equipamentos que tem o grande”, disse em referência à entrega de máquinas.
Segundo o presidente, quando se permite que a tecnologia chegue aos pequenos agricultores, eles têm a chance de produzir a mesma quantidade [que o grande]. “Essa entrega de títulos e máquinas é o novo começo das coisas que vão acontecer no Brasil”, concluiu.
O Programa Solo Vivo é uma parceria com a Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado de Mato Grosso (Fetagri-MT), responsável pela gestão do projeto, e com o Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), que ficará a cargo dos estudos técnicos.
A partir dessas análises laboratoriais sobre a deficiência de minerais no solo, o programa vai identificar as necessidades de cada propriedade e fazer a aplicação dos insumos necessários, principalmente calcário e fosfato.
O trabalho de correção será acompanhado em tempo real por meio de uma plataforma digital de gestão, chamada Operation Center, que permite monitorar a localização das máquinas, as atividades em andamento e o desempenho de cada operação no campo.
Na primeira etapa, entre 800 e mil famílias serão atendidas, em propriedades com média de 10 a 15 hectares cada, dentro dos assentamentos.
O projeto-piloto em MT contempla ações em 10 municípios de Mato Grosso: Alto Araguaia, Campo Verde, Poconé, Rosário Oeste, Barra do Bugres, São Félix do Araguaia, Matupá, Juína, Pontes e Lacerda e São José dos Quatro Marcos. Inicialmente, as atividades começam pelos cinco primeiros: Campo Verde, Poconé, São José dos Quatro Marcos, São Félix do Araguaia e Juína.